FELIZ NATAL E PRÓSPERO 2013!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Reunião Natalina da AMULMIG
Acadêmicas Andreia Donadon Leal (Membro da Comissão de Artes) e Elizabeth Rennó (Presidente)
Acadêmicas Angela Togeiro e Andreia Donadon Leal
Acadêmicos Gerson e José de Assis
Acadêmicas Natalina Jardim e Zeni de Barros Lana
Quadro "Minas" - acervo da AMULMIG
Luiz Carlos Abritta (Presidente Emérito); Elizabeth Rennó (Presidente) e Conceição Parreiras Abritta (Vice-presidente)
Acadêmico João Quintino Silva e sua esposa
Acadêmicos Gabriel Bicalho e Andreia Donadon Leal
Acadêmicos e convidados na AMULMIG
Elizabeth Rennó e Luiz Carlos Abritta
PASSOS DE NATAL 2012
Angela Togeiro
Natal,
tantos sonhos acalentados
esperando o momento
em que o Céu a mágica Criança
possa torná-los feliz realidade.
Natal,
tantos problemas acumulados
esperando o momento
em que do Céu a sábia Criança
possa torná-los apenas passado.
Natal,
tanta prece não rezada,
tanta coisa no peito calada,
esperando o momento
em que do Céu a meiga Criança
venha ouvi-las em ladainhas.
Natal,
silêncio profundo. Nada, nada importa,
apenas que a Eterna Criança veio do Céu
para sentir o nosso amor,
(re)nascendo decisivo, (re)fazendo sua missão,
no silêncio festivo de cada coração.
***
Feliz Natal!
Elza Aguiar Neves
No calor de dezembro,
o Natal
mágico, festivo!
Nova explosão de
confraternização.
Uma busca pelo distante,
laços reatados,
gratidão.
A alma se ilumina,
divina luz!
Num abraço
buscamos
Jesus, Deus Menino,
crescemos...
Reunião de Confraternização da AMULMIG
Acadêmicas Cely Vilhena e Andreia Donadon
Elizabeth Rennó recebe Diploma de Mérito Acadêmico 2012
No dia 13 de dezembro de 2012, a Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (AMULMIG)-fundada em 08 de abril de 1963, realizou reunião de confraternização de fim de ano, com lançamento do Boletim de número 12, publicado anualmente com exposição de trabalhos de pesquisa, reflexão e análise dos acadêmicos: Alice Spíndola, Conceição Parreiras Abritta, Elizabeth Rennó, Francisco Vieira Chagas, Ismaília de Moura Nunes, João Quintino Silva, José de Assis, Luiz Carlos Abritta, Maria de Lourdes Rabello Vllares, Maria Lúcia de Godoy Pereira e Zeni de Barros Lana. O número foi dedicado ao Movimento Verde que sacudiu Cataguases e provocou a admiração de um país inteiro.
Segundo a Presidente da AMULMIG, Dra Elizabeth Rennó, "A Verde, sinônimo de mocidade e rebelião deu renome internacional a seu pequeno território".
Blaise de Cendrars, dedicou os seguintes versos aos Verdes, na introdução do volume Du monte entier, edição Noel, Paris, que reúne a obra do escritor francês:
Blaise de Cendrars, dedicou os seguintes versos aos Verdes, na introdução do volume Du monte entier, edição Noel, Paris, que reúne a obra do escritor francês:
Aux jeunes gens de Catacazes:
Tanto vient de tanguer
E jazz vient de jaser
Qu’importe l’etymologie
Si CE petit Klaxon m’amuse?
Posteriormente, a AMULMIG outorgou Diplomas de Mérito Acadêmico 2012, aos membros que prestaram relevantes serviços à AMULMIG, em diversas comissões.
A Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas outorgou, também, a Medalha e o Diploma de Membro efetivo aos acadêmicos, Elizabeth Rennó, Luiz Carlos Abritta, Elza Aguiar Neves, José de Assis, poetas aldravianistas que já publicaram aldravias.
A Presidente da AMULMIG anunciou que em 2013, ano do Jubileu de Ouro da AMULMIG, fará sessão especial de estudo da poesia aldravista.
A festa foi encerrada com a tradicional distribuição de presentes do amigo oculto.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Recordando Flash Gordon
Recordando Flash Gordon
Cesar Vanucci *
“O que lembro, tenho.”
(Guimarães Rosa)
Vinte
anos atrás, se tanto, uma revista incluiu-me na lista de jornalistas e
escritores convidados a indicarem os 20 melhores filmes de todos os tempos.
Recordo-me de que os títulos por mim arrolados coincidiram, na maior parte, com
os filmes apontados pelas demais pessoas consultadas. Apenas num caso ocorreu
discrepância. Fui o único a relacionar entre os filmes mais apreciados as
fitas-em-série (como eram chamadas) de Flash Gordon. Fundamentei essa escolha
no argumento de que nos fascinantes domínios das criações cinematográficas, em
particular, e artísticas, de modo geral, poucas coisas buliram tanto e de forma
tão excitante com a mente infantil, quanto as proezas narradas em capítulos do
herói de ficção que antecedeu os astronautas da vida moderna.
Ele
era visto, semanalmente, nas telas de cinema a singrar o espaço sideral em
ruidosa nave com forma de charuto, acompanhado da encantadora Dale Arden, do
professor Zarkov e do Príncipe Barin. Cumpria galhardamente a missão de
enfrentar as solertes investidas do maligno imperador Ming, do planeta Mongo,
com seus abjetos planos de colonização da Terra.
A
trama e as ações dos personagens eram, pode-se dizer hoje, bastante simplórias.
Os cenários, a se levar em conta os recursos visuais empregados na atualidade
pela indústria cinematográfica, revelavam uma simplicidade comovedora. As
situações vividas pelos protagonistas anteponham-se a lógica comum. Lembravam
um bocado as historietas de quadrinhos. Outro ponto de identificação das fitas
em série com os gibis consistia na constatação da solene aversão que Juizes de
Menores, educadores e pais nutriam com referencia a essas duas modalidades de
entretenimento infantil, encaradas como nefastas na formação educacional.
Comissários de menores, compenetrados de sua sagrada incumbência, postavam-se
na entrada dos cinemas para impedir a presença de menores de 14 anos. Ficavam
ali mode protegê-los dos enormes riscos contidos nas mensagens propagadas nas deletérias
aventuras de Flash Gordon.
Nos
pátios das escolas havia o costume, também nessa época, de acenderem-se piras
de respeitáveis proporções com revistinhas. O nocivo material era localizado
nas pastas dos alunos, junto aos livros e cadernos, graças a eficiente monitoramento
executado por zelosos encarregados das salas de aula. Em alguns lugares, o
fogaréu saneador adquiria aspecto ritualístico. Os pais e os alunos recebiam
convites para assistir, ao lado dos professores, a transmutação dos abomináveis
impressos multicoloridos em cinzas.
Como
são as mudanças comportamentais! Desses processos pedagógicos, numa reavaliação
histórica, o que conservamos na atualidade é um registro simplesmente hilário.
Os quadrinhos adquiriram status de arte. Os seriados de Flash Gordon são
reconhecidos como referencia precursora, tal qual os livros de Julio Verne, nos
fascinantes caminhos percorridos pela criatividade humana na busca infindável
do sentido da vida. Os produtores do seriado sabiam das coisas. Anteciparam, lá
pelos anos 30, as ainda inimagináveis viagens espaciais. Botaram nos céus
engenhos voadores tocados a energia nuclear e aparelhados para confrontos
bélicos com raio laser. Que poder de imaginação aquele, santo Deus!
Flash
Gordon foi protagonizado por Larry Buster Crabbe, nadador que integrou a equipe
olímpica estadunidense. A primeira série de fitas, lançada em 1936, custou algo
equivalente a 350 mil dólares, uma fortuna para a época. Em 1938, novos
capítulos foram lançados. O herói cosmonauta, desta feita, salvou o planeta de
uma ofensiva extraterrena articulada por seres de argila, procedentes de Marte,
empenhados em retirar o nitrogênio da atmosfera. No derradeiro seriado, o
Imperador Ming reapareceu como vilão. Flash Gordon não permitiu, destemidamente,
que ele infectasse a Terra com um vírus mortal.
O
papel de Dale Arden nos seriados foi vivido por Jean Rogers, pelos padrões de
beleza da época uma mulher estonteante. Povoou com meiga presença nas trepidantes
aventuras do pioneiro em viagens espaciais os sonhos da meninice de muita
gente.
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
sábado, 4 de agosto de 2012
Textos da Acadêmica Vilma Cunha Duarte
Milagres da
Poesia
Vilma Cunha Duarte
Juntando-me em rimas e versos já venci
muitas lutas
São essas as armas que tenho pra
atingir o coração
Com flechadas de esperança em
horizontes tão secos
Sinto a brisa doce e inquietante a virar-me pelo avesso
Sinto a brisa doce e inquietante a virar-me pelo avesso
Trazida de terras da poesia
por tais moinhos de vento
Desvestindo sentimentos sem as
vanglórias pessoais
Na vontade de cobrir essas
desesperanças tão nuas
Acreditar que o amor dispara torpedos da
felicidade
Regar
sentimentos
Vilma Cunha Duarte
Agosto é
muito seco. A umidade relativa do ar não ajuda, protestos e alertas sobre as
queimadas se perdem aos ventos uivantes desse tempo, predadores e inocentes
sofrem as consequências da agressão vergonhosa ao
planeta.
A aridez
sazonal vai desidratando jardins... campos...
cerrados...
O
desverdeamento sofrido das plantas judiadas, lembra a desolação da seca que
adoece, empobrece e mata sem dó, desde o descobrimento do Brasil dos
contrastes.
Seca
danada de triste. Mostrada nos jornais, na televisão, no cinema, na Literatura
naquela agonia secular dos irmãos nordestinos, nunca comoveu governantes como
deveria.
O que a
História vem contando em capítulos sujos, sobre lamentáveis procedimentos
oficiais com o saco sem fundo das verbas devidas de fazer água para os sedentos
e famintos de lá.
Secura é
um caso sério. Tanto na natureza como no coração.
Hidratar
espaços, sentidos e sentires, jeito bom de orvalhar o dia a dia.
Tenho
comigo que o Sol manda tudo nas férias das chuvas. Ele doura os dias com tamanha
beleza que manhãs e tardes disputam o primeiro lugar. Enfeita-se com vaidade
para deitar-se majestoso em leitos crepusculares de tirar o fôlego. Esbanja tons
de ouro queimado, vermelhos exuberantes, nuance rosadas, magicando a bola
luminosa, que se despede dançando o balé sideral, antes de dormir seus mistérios
no horizonte.
A beleza
arrasta-se noite adentro polindo estrelas, o prateado da lua, fazendo a brisa
gostosa que ficou da onda friorenta ninar meu sono de menina, na casa que virou
berço outra vez.
Bendita
paz que me faz dormir embalada com rimas e versos e acordar em estado de
Poesia.
Gratidão
pura aos olhos antigos, que tonificados pela graça de enxergar o belo, resistem
ao tempo com a avidez jovem de apreciar e bendizer a
Criação.
Nas
grandes obras do Artista e nas pequeninas também.
No chão
depois de tantos anos empoleirada
em apartamento, vejo bichinhos...pássaros...borboletas...libélulas...e a saudade
matada dos companheirinhos antigos, me revira e umedece os
sentimentos.
Passarinhos cantam ao meu redor e entram casa adentro, como
antigamente.
Será que
os descendentes passaram-lhes minha ternura ao logo das suas
vidinhas?
Já li e
ouvi contar que eles falam, sim senhor!
A gente
só não sabe o nome da língua das criaturinhas.
Sentem-se em casa, os danadinhos.
Bicam
grãos e farelos na cozinha, sobem nas janelas, soltam a voz e as minhas
emoções.
Tapetes
coloridos espalhados pelos cômodos enfeitam e protegem os
pisos?
A ideia
era essa.
Outro
dia, a mancha que não estava no tapete da sala de televisão, desafiou-me os
cuidados.
Mistério! De onde surgiu. Quem fez aquilo?
Não fui
eu.
A
faxineira boa de esfregão e observação matou a charada na
hora,
“Isso
aí, parecendo um leite derramado, é cocô de
passarinho”.
Os
cantantes, muito à vontade pra lá pra cá, extrapolaram a
hospitalidade.
Abusadinhos. No meu tapete persa?
Assim
também, não!
Inda bem
que sei orvalhar sentimentos e perdoar passarinhos
cagões.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Lançamento de Livros "Biblioteca Estadual Luiz de Bessa"
Biblioteca Pública Estadual Luiz
de Bessa recebe lançamento de Livros de Membros da AMULMIG
Os
escritores do movimento aldravista de Mariana e membros efetivos da AMULMIG, Andreia Donadon Leal, Gabriel
Bicalho, J. B. Donadon Leal e Hebe Rôla, farão lançamento da coleção de livros
da Aldrava Letras e Artes, dia 29 de agosto de 2012, às 19:00, na Biblioteca
Pública Estadual Luiz de Bessa.
A coleção da Editora Aldrava Letras e Artes, composta pelos livros “Pés no Chão – crônicas”, da escritora e artista plástica Andreia Donadon Leal, narra múltiplas temáticas do cotidiano, retratando situações inesperadamente banais que ganham colorido suntuoso no viés humanista e poético da crônica. A escritora detém-se nos pequenos momentos que não rendem notícia de jornal nem causam turbulências nas bolsas. Valoriza, como o pantaneiro Manoel de Barros, a lesma e outros bichos de pouca importância e assuntos no dia-a-dia dos grandes fatos.
“beiral antigo - poesia”, do poeta Gabriel Bicalho, livro premiado pela UBE-RJ, transforma suas memórias de infância e adolescência, num luso-brasileiro álbum familiar, poetizando a terra e a convivência com seus antepassados. Poemas com técnica elaborada e sensibilidade que toca em nossas lembranças familiares.
“Óbvias Liberdades – poesia infanto-juvenil, livro do poeta e professor J. B. Donadon-Leal é uma provocação poético-didática, com poemas que questionam ou reelaboram conceitos sociais, políticos e científicos consolidados. Esses poemas levarão os leitores à pesquisa de conceitos sociológicos de liberdade, selvagem, estigma, mártir; de conceitos científicos de energia, antítese, paradoxo, paradigma, circunferência, animal, vegetal, luz e refração; das biografias de Nero, Alphonsus de Guimaraens e de mártires universais. Por isso, é de leitura indicada para alunos das séries iniciais, pois é um livro gerador de pesquisas e debates.
“Chitarô - Cadê o Gato?” – estória infanto-juvenil, livro da escritora e professora da UFOP Hebe Rôla, com ilustrações criativas e atrativas para crianças e adultos, é excelente material didático, que oferece atividades de passatempo, testes de conhecimento e leitura sintética das histórias em quadrinhos. A obra vai além da aparente simplicidade textual, pois privilegia a virtude da valorização e do apego ao que os laços familiares proporcionam, tanto à vida das pessoas, quanto à dos animais.
Antes da seção de autógrafos com os autores aldravistas, haverá sessão de declamação com a Academia Marianense InfantoJuvenil de Letras, Ciências e Artes, sob coordenação de Hebe Rôla. A entrada é gratuita.
A coleção da Editora Aldrava Letras e Artes, composta pelos livros “Pés no Chão – crônicas”, da escritora e artista plástica Andreia Donadon Leal, narra múltiplas temáticas do cotidiano, retratando situações inesperadamente banais que ganham colorido suntuoso no viés humanista e poético da crônica. A escritora detém-se nos pequenos momentos que não rendem notícia de jornal nem causam turbulências nas bolsas. Valoriza, como o pantaneiro Manoel de Barros, a lesma e outros bichos de pouca importância e assuntos no dia-a-dia dos grandes fatos.
“beiral antigo - poesia”, do poeta Gabriel Bicalho, livro premiado pela UBE-RJ, transforma suas memórias de infância e adolescência, num luso-brasileiro álbum familiar, poetizando a terra e a convivência com seus antepassados. Poemas com técnica elaborada e sensibilidade que toca em nossas lembranças familiares.
“Óbvias Liberdades – poesia infanto-juvenil, livro do poeta e professor J. B. Donadon-Leal é uma provocação poético-didática, com poemas que questionam ou reelaboram conceitos sociais, políticos e científicos consolidados. Esses poemas levarão os leitores à pesquisa de conceitos sociológicos de liberdade, selvagem, estigma, mártir; de conceitos científicos de energia, antítese, paradoxo, paradigma, circunferência, animal, vegetal, luz e refração; das biografias de Nero, Alphonsus de Guimaraens e de mártires universais. Por isso, é de leitura indicada para alunos das séries iniciais, pois é um livro gerador de pesquisas e debates.
“Chitarô - Cadê o Gato?” – estória infanto-juvenil, livro da escritora e professora da UFOP Hebe Rôla, com ilustrações criativas e atrativas para crianças e adultos, é excelente material didático, que oferece atividades de passatempo, testes de conhecimento e leitura sintética das histórias em quadrinhos. A obra vai além da aparente simplicidade textual, pois privilegia a virtude da valorização e do apego ao que os laços familiares proporcionam, tanto à vida das pessoas, quanto à dos animais.
Antes da seção de autógrafos com os autores aldravistas, haverá sessão de declamação com a Academia Marianense InfantoJuvenil de Letras, Ciências e Artes, sob coordenação de Hebe Rôla. A entrada é gratuita.
Não Te Direi com Palavras
NÃO
TE DIREI COM PALAVRAS
J.S.Ferreira
Não
te direi com palavras
o que posso te traduzir apenas em um gesto,
nem te ensinarei a linguagem dos olhos,
enquanto eu estiver por perto.
o que posso te traduzir apenas em um gesto,
nem te ensinarei a linguagem dos olhos,
enquanto eu estiver por perto.
Nada te direi sem o teu consentimento,
mesmo se for amor ou um simples arrebatamento,
mas, quero ser escravo do teu amor,
se este prazer me for dado a contentamento.
Não te direi que meu coração é deserto,
nem que teu corpo é uma flor
que vibra ante meu ser, ou ao som do vento,
porque,
o que sinto neste exato momento,
é este brilho que vejo em teus olhos,
que chamo de amor, que traduzo por um gesto.
(In: Bateia Lírica - temas marianenses, 1996)
é este brilho que vejo em teus olhos,
que chamo de amor, que traduzo por um gesto.
(In: Bateia Lírica - temas marianenses, 1996)
Paráfrase à Mineira
PARÁFRASE À MINEIRA
(Ao poeta Carlos Drummond de Andrade)
(Ao poeta Carlos Drummond de Andrade)
José Benedito Donadon Leal
Quando
nasci veio um anjo roxo
que de costas pra mim no cocho
revelou à minha mãe já decepcionada:
– Inculca nesse mocho aí que chora
que não se pode ser trouxa na vida
mas não adianta querer-se esperto
levando a vida nas coxas
ou se mudando pra Itabira.
Minha mãe fingiu não ouvi-lo
fingi também e mamei tudo que pude dela,
e antes que ela pudesse me dizer:
– Vai, infeliz, ser bom de bico,
rabisquei meus versos
e me fiz descontente.
O resultado dessa rejeição ao anjo
é que hoje não ceifo nem semeio,
mas cavalgo nos dorsos de Minas.
que de costas pra mim no cocho
revelou à minha mãe já decepcionada:
– Inculca nesse mocho aí que chora
que não se pode ser trouxa na vida
mas não adianta querer-se esperto
levando a vida nas coxas
ou se mudando pra Itabira.
Minha mãe fingiu não ouvi-lo
fingi também e mamei tudo que pude dela,
e antes que ela pudesse me dizer:
– Vai, infeliz, ser bom de bico,
rabisquei meus versos
e me fiz descontente.
O resultado dessa rejeição ao anjo
é que hoje não ceifo nem semeio,
mas cavalgo nos dorsos de Minas.
In: Antologia poética I Concurso
de Poesia Linguagem Viva. Ed. Scortecci, 1993:32.
Poesia
BI (ca) LHETE
(DO TEU JUÍZO) Final
Gabriel Bicalho
Nenhuma inspiração na tal roseira
ou gritos de garis abrindo o poema.
Nenhum morto, enforcado na goteira
de teus pingos nos “is” e que não trema.
Quem vem de lá, mestrinho, vindo à beira,
pondo susto no rio enquanto rema,
afogando no texto a voz primeira,
com esses baldes de bruma sobre o tema?
A mão de Deus que do infinito desça,
a espremer-me as idéias na cabeça
ou puxar-te as orelhas, velha criança!
Duzentos olhos baços de esperança
e três eternidades de promessa,
a escrever teu soneto por vingança!
(DO TEU JUÍZO) Final
Gabriel Bicalho
Nenhuma inspiração na tal roseira
ou gritos de garis abrindo o poema.
Nenhum morto, enforcado na goteira
de teus pingos nos “is” e que não trema.
Quem vem de lá, mestrinho, vindo à beira,
pondo susto no rio enquanto rema,
afogando no texto a voz primeira,
com esses baldes de bruma sobre o tema?
A mão de Deus que do infinito desça,
a espremer-me as idéias na cabeça
ou puxar-te as orelhas, velha criança!
Duzentos olhos baços de esperança
e três eternidades de promessa,
a escrever teu soneto por vingança!
Mais Luzes sobre Euricledes
Mais luzes sobre Euricledes
Cesar Vanucci *
“Um jornalista, há tempos,
recomendou-me
ler poesias de Euricledes
Formiga.”
(Wenceslau Teixeira Madeira)
Em
artigos recentes – “Super-humano” e “De volta a Euricledes Formiga” – contei
algumas poucas coisas que sabia a respeito de um personagem com dons
prodigiosos que fiquei conhecendo na adolescência. Expliquei que, à época em
que presenciei algumas espantosas demonstrações de sua faculdade de memorização
de textos, nada se me foi passado que permitisse estabelecer uma associação de
idéias entre o que vi sendo por ele feito e manifestações quaisquer de cunho
religioso.
O
leitor Wenceslau Teixeira Madeira, em amável mensagem, aludindo a registro
colhido no “Google” sobre a trajetória de Euricledes, complementa de forma
enriquecedora, bastante clara, a história que contei.
A
informação transmitida assinala que a “Viva Luz Editora” lançou a biografia de
Euricledes Formiga, “um dos mais importantes poetas brasileiros”. O autor é
Miguel Formiga, filho do biografado. “Euricledes Formiga, de poeta a médium, a
resistência e a transformação” é o título do livro. A publicação “traça o
perfil do poeta, que dedicou sua vida (...) à criação de fantásticos poemas e
ao conforto de quem busca paz espiritual por meio da mediunidade”.
Nascido
no sertão paraibano em 1924, Euricledes assumiu, com a perda muito cedo do pai,
a responsabilidade de garantir o sustento dos familiares. Mudou-se para João
Pessoa, onde se tornou conhecido por sua participação em recitais
lítero-musicais. Ganhou fama por sua memória incomum. Desafiado em testes
públicos, encantava a todos ao reproduzir frases, poemas e tudo o mais que se
lhe fosse mostrado, a uma única leitura. Mudando-se para o Rio e, mais tarde,
para Brasília e São Paulo, conviveu com figuras exponenciais da política e da
cultura. Entre outros: Catulo da Paixão Cearense, Divaldo Pereira Franco,
Arthur Moreira Lima, João Café Filho, Juscelino Kubitschek de Oliveira, Mario
Quintana, Saulo Ramos, Helio Souto, Anselmo Duarte, Orlando Vilas Boas, Luiz
Vieira, Paulinho Nogueira, José Neummane Pinto, Rolando Boldrim, Silvio Caldas,
Jacob do Bandolim, Silveira Sampaio. Atuou como repórter na “Folha”.
O
biógrafo de Euricledes Formiga assinala que as manifestações de mediunidade do
poeta ocorriam de maneira intranquila e fora de controle. Essa circunstância
levou-o, com a ajuda da esposa Annabel, a buscar orientação com renomadas
figuras da liderança espiritista.
Divaldo
Pereira Franco, também poeta, foi o primeiro a participar do processo que levou
Euricledes a abraçar definitivamente a doutrina espírita. Os contatos com Chico
Xavier ocorreram mais tarde. Formiga e Annabel foram a Uberaba. O que aconteceu
passa a ser narrado pelo biógrafo. “Havia mais de 30 pessoas na fila e ouviu-se
a voz de Chico, chamando: “Formiguinha, vem cá!” Como o marido não se manifestou, Annabel
sugeriu que o médium o chamava. (...) Formiga não acreditou. Novamente, Chico
chamou: “Formiguinha de luz, vem cá!” Annabel novamente falou ao marido que era
a ele quem Chico chamava. (...) Ouviu como resposta: (...) Não é a mim que ele
chama. Se fosse “Formiguinha de Treva”, poderia até ser, mas de luz jamais.” Chico,
no terceiro chamado, foi mais enfático: “Euricledes Formiga, vem cá!” E,
sorrindo, completou: “Formiguinha de luz, há dez anos que te espero!”
Euricledes
Formiga dedicou-se de forma intensa à divulgação doutrinaria e práticas
espíritas, vindo a falecer em 1983. Miguel Formiga, seu filho, engenheiro,
escritor, autor da biografia, dá continuidade às ações do pai no plano
religioso e intelectual. Na obra citada, além de muitas histórias interessantissimas
vivenciadas por Euricledes, o leitor se inteira de sua fecunda criatividade
poética. O prefácio do livro é de Carlos A. Baccelli, nome que desfruta do
maior respeito nos círculos espíritas e culturais.
* Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
terça-feira, 31 de julho de 2012
De volta a Euricledes Formiga
De volta a Euricledes Formiga
“(...) Repetiu o texto de baixo para cima.
(...) Algo
assombroso.”
(Luiz de Paula Ferreira, escritor)
Eurícledes
Formiga era paraibano. Poeta dos bons. Repentista em condições de produzir
espetáculos inesquecíveis. Quem coloca-me a par de tudo isso, reportando-se ao
que narrei no artigo”Super-humano”, em que me ocupei dos prodigiosos dons de
memorização do personagem, é ninguém nada mais, nada menos, do que Luiz de
Paula Ferreira. Intelectual de múltiplas e admiradas facetas, escritor
respeitado, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, e, como
se tudo isso já não bastasse, um dos mais importantes empresários do cenário
industrial brasileiro.
O
depoimento que Luiz me deu ajuda a compor, de forma magistral, o perfil humano
de Eurícledes Formiga. O espaço de hoje fica reservado à reprodução completa
desse elucidativo texto.
“Venho
dizer a você como conheci o Euricledes Formiga.
Foi num jantar de Rotary. Mês de junho, friorento, com
presença numerosa de participantes. Ao fazer a abertura da reunião, o diretor
de protocolo anunciou a presença de um convidado do presidente do clube. O
convidado era um poeta.
O anúncio deu causa a alguns sorrisos e comentários a
meia voz, sobre a utilidade que poderia ter a presença de um poeta em reunião
de comerciantes, fazendeiros e profissionais liberais, que dispunham apenas de
60 minutos para a pauta do dia.
A coisa ficou nisso.
Lá pelo meio da reunião, o presidente fez a
apresentação de seu convidado. Era um paraibano, de passagem para Belo
Horizonte.
O
convidado ergueu-se e fez uma mesura dirigida a todos. Era um cidadão robusto,
de seus 30 anos, claro e corado, de mediana estatura, cabelos alourados,
pescoço grosso, sustentando um rosto largo de nordestino.
E a reunião prosseguiu. Lá pelas tantas foi dada a
palavra ao visitante. E este, no mais carregado sotaque nordestino, pediu
licença para mostrar uns versos que havia composto para as festas de São João,
já que estávamos na época das fogueiras.
E com desempenho vocal que a todos surpreendeu,
declamou um poema ao qual dera o nome de São João do meu Nordeste.
Enorme foi a surpresa. Palmas vibrantes e gerais
explodiram no final de sua apresentação. O homem era poeta mesmo. E dos bons.
Esse conceito, aliado ao entusiasmo de todos, foi se fortalecendo e se
consolidando na medida em que, atendendo a pedidos dos presentes, o cidadão foi
declamando outras poesias de sua privilegiada lavra.
Em determinado momento, já dominando o auditório, o
poeta anunciou que gostaria de improvisar sonetos a partir de motes que os
rotarianos sugerissem.
Teve início então algo que nenhum de nós havia pensado
que um dia pudesse presenciar.
Meia dúzia ou mais de motes foram propostos pelos
rotarianos e o poeta, utilizando cada mote como chave de ouro, improvisou
outros tantos sonetos, de beleza clássica.
Foi um espetáculo inesquecível.
Tempos depois, passando novamente por Montes Claros,
Formiga hospedou-se comigo. No café da manhã, éramos poucas pessoas conversando
com o poeta, quando chegou o jornal da terra.
Na primeira página havia uma crônica de uma coluna,
ocupando metade do comprimento do jornal.
O Formiga pediu-me o jornal, depositou-o sobre a mesa,
à sua frente e fixou os olhos na crônica. Em seguida tapou o texto com a mão e
o braço. Fez isso por duas vezes. Cobria o texto com a mão e o braço e em
seguida o descobria. A seguir
devolveu-me o jornal e pediu:
Corrija-me se eu estiver errado.
A partir daí repetiu palavra por palavra, do princípio
ao fim, o texto do jornalista montesclarense.
Todos os que estávamos presentes, e assistimos a essa
cena, ficamos de queixos caídos.
Ante nosso assombro, pelo ocorrido, ele explicou que
possuía memória visual. Não havia para ele nenhuma dificuldade em fazer o que
assistimos. Tanto era assim que iria agora repetir o texto de baixo para cima.
E o fez, comigo e os demais presentes acompanhando pelo jornal. Algo
assombroso.”
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Super-humano
Super-humano
Cesar Vanucci *
“A maior parte de nossa memória está fora de
nós...”
(Marcel
Proust)
A televisão vem mostrando
uma série surpreendente: “Os super-humanos”. São personagens de carne e osso
providos de faculdades especiais, no plano mental, na condição atlética, em
habilidades incomuns.
Há algumas décadas atrás
conheci alguém assim. Se ainda entre nós, estaria certeiramente atraindo as
câmeras dos produtores desse programa.
Os tempos eram outros. A
televisão não passava de experiência incipiente, coisa de estrangeiro. O rádio,
sim, era o veículo de comunicação com poder de penetração, mas limitado na
capacidade de cobertura dos acontecimentos em regiões distantes. O Brasil ainda
não havia despertado para as conquistas do desenvolvimento, incrementadas
sobretudo na “era JK”. Incontáveis registros de fatos relevantes passavam
desapercebidos, diferentemente do que hoje
ocorre, do grande público em escala nacional. Ficavam circunscritos a
ambientes mais fechados. Mesmo quando divulgados com intensidade, naturalmente
relativa, alcançavam ressonância reduzida, se consideradas as dimensões
continentais do país.
Nessa época, em ambiente
interiorano, fase da adolescência, tomei conhecimento do maior fenômeno de
memorização de textos de que já ouvi falar. O assim chamado “Salão Grená” da
PRE-5, Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro, Uberaba, funcionava como um centro
cultural. Provido de 500 poltronas, localizado em ponto estratégico do centro
urbano, abrigava eventos artísticos, culturais, mesas-redondas, por aí. Para
boa parte das promoções realizadas havia cobertura radiofônica, o que ampliava,
consideravelmente, a divulgação. A emissora, pioneira na região, pertencia ao
grupo “Lavoura e Comércio”, criado pelo saudoso jornalista Quintiliano Jardim.
O jornal diário circulou por mais de cem anos, até o comecinho deste século.
Colegial fissurado
em manifestações culturais, vi atuar, no local, numa série de aplaudidas
audições, um cidadão dotado de capacidade inigualável para memorizar textos.
Jamais tive notícia, nem antes nem depois de conhecê-lo, de ninguém com
predicado – ou que outro termo possa existir para classificar seu desempenho –
em condições ligeiras de igualá-lo naquilo que fazia.
Ele reproduzia, com
absoluta exatidão, palavra por palavra, detendo-se nas pausas recomendadas pela
pontuação, textos inteiros, de qualquer natureza, verso ou prosa, com ou sem
menção de números, lidos cuidadosamente por outrem. Discursos, poemas, trechos
de romance, trabalhos técnicos, tudo era absorvido com precisão. E, ao depois,
repetido. A reação da platéia oscilava entre a perplexidade e o deslumbramento.
Lembro-me bem de que, ao anunciá-lo, o mestre de cerimônia narrava saborosas
historietas, alusivas a demonstrações dadas pelo nosso personagem, em
respeitáveis ambientes freqüentados por líderes políticos e intelectuais de
renome. Nem bem o expositor, debaixo de aplausos, dava por finda a fala nesses
encontros e já o cidadão dono de memória prodigiosa surgia em cena, solicitando
permissão para usar da palavra. Em tom sério, pondo todo mundo confuso e
nervoso, “garantia” que o texto apresentado não passava de “descarado plágio”.
Tanto isso “era verdade”, acrescentava ele, confessando-se o “verdadeiro autor”
do texto, que iria repeti-lo, ali, naquele mesmo momento, parcial ou
integralmente, sílaba por sílaba. A atmosfera pesada reinante só se desfazia
quando, entre risos e pedidos de desculpas, surgia a explicação acerca dos
inacreditáveis dons de memorização do “inoportuno” aparteante.
Nunca me esqueci do nome
desse cidadão, tão vigorosa a impressão que deixou registrada, de suas
habilidades incomuns, no espírito dos que testemunharam essas proezas nas
diversas vezes em que se apresentou no “Salão Grená”: Eurícledes Formiga. Os
anos se amontoaram, nada mais ouvi contar, adiante, a seu respeito. Até que, algum
dia, um conhecido falou-me da existência em Belo Horizonte de
um centro espírita que traz esse nome como patrono. Imaginei naturalmente
tratar-se da mesma pessoa. Mas, tanto quanto me recorde, naqueles tempos, a
fantástica condição de produzir “reprografia cerebral” de Euricledes,
reconhecida como inexplicável e extraordinário fenômeno, não se achava
vinculada a nenhuma atividade de cunho religioso.
Comentei o fato com um
grande amigo e dele colhi, a respeito do Euricledes Formiga, um sugestivo
depoimento, que prometo reproduzir na sequência.
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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