Milagres da
Poesia
Vilma Cunha Duarte
Juntando-me em rimas e versos já venci
muitas lutas
São essas as armas que tenho pra
atingir o coração
Com flechadas de esperança em
horizontes tão secos
Sinto a brisa doce e inquietante a virar-me pelo avesso
Sinto a brisa doce e inquietante a virar-me pelo avesso
Trazida de terras da poesia
por tais moinhos de vento
Desvestindo sentimentos sem as
vanglórias pessoais
Na vontade de cobrir essas
desesperanças tão nuas
Acreditar que o amor dispara torpedos da
felicidade
Regar
sentimentos
Vilma Cunha Duarte
Agosto é
muito seco. A umidade relativa do ar não ajuda, protestos e alertas sobre as
queimadas se perdem aos ventos uivantes desse tempo, predadores e inocentes
sofrem as consequências da agressão vergonhosa ao
planeta.
A aridez
sazonal vai desidratando jardins... campos...
cerrados...
O
desverdeamento sofrido das plantas judiadas, lembra a desolação da seca que
adoece, empobrece e mata sem dó, desde o descobrimento do Brasil dos
contrastes.
Seca
danada de triste. Mostrada nos jornais, na televisão, no cinema, na Literatura
naquela agonia secular dos irmãos nordestinos, nunca comoveu governantes como
deveria.
O que a
História vem contando em capítulos sujos, sobre lamentáveis procedimentos
oficiais com o saco sem fundo das verbas devidas de fazer água para os sedentos
e famintos de lá.
Secura é
um caso sério. Tanto na natureza como no coração.
Hidratar
espaços, sentidos e sentires, jeito bom de orvalhar o dia a dia.
Tenho
comigo que o Sol manda tudo nas férias das chuvas. Ele doura os dias com tamanha
beleza que manhãs e tardes disputam o primeiro lugar. Enfeita-se com vaidade
para deitar-se majestoso em leitos crepusculares de tirar o fôlego. Esbanja tons
de ouro queimado, vermelhos exuberantes, nuance rosadas, magicando a bola
luminosa, que se despede dançando o balé sideral, antes de dormir seus mistérios
no horizonte.
A beleza
arrasta-se noite adentro polindo estrelas, o prateado da lua, fazendo a brisa
gostosa que ficou da onda friorenta ninar meu sono de menina, na casa que virou
berço outra vez.
Bendita
paz que me faz dormir embalada com rimas e versos e acordar em estado de
Poesia.
Gratidão
pura aos olhos antigos, que tonificados pela graça de enxergar o belo, resistem
ao tempo com a avidez jovem de apreciar e bendizer a
Criação.
Nas
grandes obras do Artista e nas pequeninas também.
No chão
depois de tantos anos empoleirada
em apartamento, vejo bichinhos...pássaros...borboletas...libélulas...e a saudade
matada dos companheirinhos antigos, me revira e umedece os
sentimentos.
Passarinhos cantam ao meu redor e entram casa adentro, como
antigamente.
Será que
os descendentes passaram-lhes minha ternura ao logo das suas
vidinhas?
Já li e
ouvi contar que eles falam, sim senhor!
A gente
só não sabe o nome da língua das criaturinhas.
Sentem-se em casa, os danadinhos.
Bicam
grãos e farelos na cozinha, sobem nas janelas, soltam a voz e as minhas
emoções.
Tapetes
coloridos espalhados pelos cômodos enfeitam e protegem os
pisos?
A ideia
era essa.
Outro
dia, a mancha que não estava no tapete da sala de televisão, desafiou-me os
cuidados.
Mistério! De onde surgiu. Quem fez aquilo?
Não fui
eu.
A
faxineira boa de esfregão e observação matou a charada na
hora,
“Isso
aí, parecendo um leite derramado, é cocô de
passarinho”.
Os
cantantes, muito à vontade pra lá pra cá, extrapolaram a
hospitalidade.
Abusadinhos. No meu tapete persa?
Assim
também, não!
Inda bem
que sei orvalhar sentimentos e perdoar passarinhos
cagões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário