sábado, 4 de agosto de 2012

Textos da Acadêmica Vilma Cunha Duarte


Milagres da Poesia
Vilma Cunha Duarte
 
Juntando-me em rimas e versos já venci muitas lutas
São essas as armas que tenho pra atingir o coração
 
Com flechadas de esperança em horizontes tão secos
Sinto a brisa doce e inquietante a virar-me pelo avesso
 
Trazida de terras da poesia  por tais moinhos de vento
Desvestindo sentimentos sem as  vanglórias pessoais
 
Na vontade de cobrir essas desesperanças  tão nuas
Acreditar que o amor dispara  torpedos da felicidade

 
Regar sentimentos
 Vilma Cunha Duarte 

Agosto é muito seco. A umidade relativa do ar não ajuda, protestos e alertas sobre as queimadas se perdem aos ventos uivantes desse tempo, predadores e inocentes sofrem as consequências da agressão vergonhosa ao planeta.
A aridez sazonal vai desidratando jardins... campos... cerrados...
O desverdeamento sofrido das plantas judiadas, lembra a desolação da seca que adoece, empobrece e mata sem dó, desde o descobrimento do Brasil dos contrastes.
Seca danada de triste. Mostrada nos jornais, na televisão, no cinema, na Literatura naquela agonia secular dos irmãos nordestinos, nunca comoveu governantes como deveria.
O que a História vem contando em capítulos sujos, sobre lamentáveis procedimentos oficiais com o saco sem fundo das verbas devidas de fazer água para os sedentos e famintos de lá.
Secura é um caso sério. Tanto na natureza como no coração.
Hidratar espaços, sentidos e sentires, jeito bom de orvalhar o dia a dia.
Tenho comigo que o Sol manda tudo nas férias das chuvas. Ele doura os dias com tamanha beleza que manhãs e tardes disputam o primeiro lugar. Enfeita-se com vaidade para deitar-se majestoso em leitos crepusculares de tirar o fôlego. Esbanja tons de ouro queimado, vermelhos exuberantes, nuance rosadas, magicando a bola luminosa, que se despede dançando o balé sideral, antes de dormir seus mistérios no horizonte.
A beleza arrasta-se noite adentro polindo estrelas, o prateado da lua, fazendo a brisa gostosa que ficou da onda friorenta ninar meu sono de menina, na casa que virou berço outra vez.
Bendita paz que me faz dormir embalada com rimas e versos e acordar em estado de Poesia.
Gratidão pura aos olhos antigos, que tonificados pela graça de enxergar o belo, resistem ao tempo com a avidez jovem de apreciar e bendizer a Criação.
Nas grandes obras do Artista e nas pequeninas também.
No chão  depois de tantos anos empoleirada em apartamento, vejo bichinhos...pássaros...borboletas...libélulas...e a saudade matada dos companheirinhos antigos, me revira e umedece os sentimentos.
Passarinhos cantam ao meu redor e entram casa adentro, como antigamente.
Será que os descendentes passaram-lhes minha ternura ao logo das suas vidinhas?
Já li e ouvi contar que eles falam, sim senhor!
A gente só não sabe o nome da língua das criaturinhas.
Sentem-se em casa, os danadinhos.
Bicam grãos e farelos na cozinha, sobem nas janelas, soltam a voz e as minhas emoções.
Tapetes coloridos espalhados pelos cômodos enfeitam e protegem os pisos?
A ideia era essa.
Outro dia, a mancha que não estava no tapete da sala de televisão, desafiou-me os cuidados.
Mistério! De onde surgiu. Quem fez aquilo?
Não fui eu.
A faxineira boa de esfregão e observação matou a charada na hora,
“Isso aí, parecendo um leite derramado, é cocô de passarinho”.
Os cantantes, muito à vontade pra lá pra cá, extrapolaram a hospitalidade.
Abusadinhos. No meu tapete persa?
Assim também, não!
Inda bem que sei orvalhar sentimentos e perdoar passarinhos cagões.

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