Mais luzes sobre Euricledes
Cesar Vanucci *
“Um jornalista, há tempos,
recomendou-me
ler poesias de Euricledes
Formiga.”
(Wenceslau Teixeira Madeira)
Em
artigos recentes – “Super-humano” e “De volta a Euricledes Formiga” – contei
algumas poucas coisas que sabia a respeito de um personagem com dons
prodigiosos que fiquei conhecendo na adolescência. Expliquei que, à época em
que presenciei algumas espantosas demonstrações de sua faculdade de memorização
de textos, nada se me foi passado que permitisse estabelecer uma associação de
idéias entre o que vi sendo por ele feito e manifestações quaisquer de cunho
religioso.
O
leitor Wenceslau Teixeira Madeira, em amável mensagem, aludindo a registro
colhido no “Google” sobre a trajetória de Euricledes, complementa de forma
enriquecedora, bastante clara, a história que contei.
A
informação transmitida assinala que a “Viva Luz Editora” lançou a biografia de
Euricledes Formiga, “um dos mais importantes poetas brasileiros”. O autor é
Miguel Formiga, filho do biografado. “Euricledes Formiga, de poeta a médium, a
resistência e a transformação” é o título do livro. A publicação “traça o
perfil do poeta, que dedicou sua vida (...) à criação de fantásticos poemas e
ao conforto de quem busca paz espiritual por meio da mediunidade”.
Nascido
no sertão paraibano em 1924, Euricledes assumiu, com a perda muito cedo do pai,
a responsabilidade de garantir o sustento dos familiares. Mudou-se para João
Pessoa, onde se tornou conhecido por sua participação em recitais
lítero-musicais. Ganhou fama por sua memória incomum. Desafiado em testes
públicos, encantava a todos ao reproduzir frases, poemas e tudo o mais que se
lhe fosse mostrado, a uma única leitura. Mudando-se para o Rio e, mais tarde,
para Brasília e São Paulo, conviveu com figuras exponenciais da política e da
cultura. Entre outros: Catulo da Paixão Cearense, Divaldo Pereira Franco,
Arthur Moreira Lima, João Café Filho, Juscelino Kubitschek de Oliveira, Mario
Quintana, Saulo Ramos, Helio Souto, Anselmo Duarte, Orlando Vilas Boas, Luiz
Vieira, Paulinho Nogueira, José Neummane Pinto, Rolando Boldrim, Silvio Caldas,
Jacob do Bandolim, Silveira Sampaio. Atuou como repórter na “Folha”.
O
biógrafo de Euricledes Formiga assinala que as manifestações de mediunidade do
poeta ocorriam de maneira intranquila e fora de controle. Essa circunstância
levou-o, com a ajuda da esposa Annabel, a buscar orientação com renomadas
figuras da liderança espiritista.
Divaldo
Pereira Franco, também poeta, foi o primeiro a participar do processo que levou
Euricledes a abraçar definitivamente a doutrina espírita. Os contatos com Chico
Xavier ocorreram mais tarde. Formiga e Annabel foram a Uberaba. O que aconteceu
passa a ser narrado pelo biógrafo. “Havia mais de 30 pessoas na fila e ouviu-se
a voz de Chico, chamando: “Formiguinha, vem cá!” Como o marido não se manifestou, Annabel
sugeriu que o médium o chamava. (...) Formiga não acreditou. Novamente, Chico
chamou: “Formiguinha de luz, vem cá!” Annabel novamente falou ao marido que era
a ele quem Chico chamava. (...) Ouviu como resposta: (...) Não é a mim que ele
chama. Se fosse “Formiguinha de Treva”, poderia até ser, mas de luz jamais.” Chico,
no terceiro chamado, foi mais enfático: “Euricledes Formiga, vem cá!” E,
sorrindo, completou: “Formiguinha de luz, há dez anos que te espero!”
Euricledes
Formiga dedicou-se de forma intensa à divulgação doutrinaria e práticas
espíritas, vindo a falecer em 1983. Miguel Formiga, seu filho, engenheiro,
escritor, autor da biografia, dá continuidade às ações do pai no plano
religioso e intelectual. Na obra citada, além de muitas histórias interessantissimas
vivenciadas por Euricledes, o leitor se inteira de sua fecunda criatividade
poética. O prefácio do livro é de Carlos A. Baccelli, nome que desfruta do
maior respeito nos círculos espíritas e culturais.
* Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
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