sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mais Luzes sobre Euricledes


Mais luzes sobre Euricledes

Cesar Vanucci *

“Um jornalista, há tempos, recomendou-me
ler poesias de Euricledes Formiga.”
(Wenceslau Teixeira Madeira)

Em artigos recentes – “Super-humano” e “De volta a Euricledes Formiga” – contei algumas poucas coisas que sabia a respeito de um personagem com dons prodigiosos que fiquei conhecendo na adolescência. Expliquei que, à época em que presenciei algumas espantosas demonstrações de sua faculdade de memorização de textos, nada se me foi passado que permitisse estabelecer uma associação de idéias entre o que vi sendo por ele feito e manifestações quaisquer de cunho religioso.

O leitor Wenceslau Teixeira Madeira, em amável mensagem, aludindo a registro colhido no “Google” sobre a trajetória de Euricledes, complementa de forma enriquecedora, bastante clara, a história que contei.

A informação transmitida assinala que a “Viva Luz Editora” lançou a biografia de Euricledes Formiga, “um dos mais importantes poetas brasileiros”. O autor é Miguel Formiga, filho do biografado. “Euricledes Formiga, de poeta a médium, a resistência e a transformação” é o título do livro. A publicação “traça o perfil do poeta, que dedicou sua vida (...) à criação de fantásticos poemas e ao conforto de quem busca paz espiritual por meio da mediunidade”.

Nascido no sertão paraibano em 1924, Euricledes assumiu, com a perda muito cedo do pai, a responsabilidade de garantir o sustento dos familiares. Mudou-se para João Pessoa, onde se tornou conhecido por sua participação em recitais lítero-musicais. Ganhou fama por sua memória incomum. Desafiado em testes públicos, encantava a todos ao reproduzir frases, poemas e tudo o mais que se lhe fosse mostrado, a uma única leitura. Mudando-se para o Rio e, mais tarde, para Brasília e São Paulo, conviveu com figuras exponenciais da política e da cultura. Entre outros: Catulo da Paixão Cearense, Divaldo Pereira Franco, Arthur Moreira Lima, João Café Filho, Juscelino Kubitschek de Oliveira, Mario Quintana, Saulo Ramos, Helio Souto, Anselmo Duarte, Orlando Vilas Boas, Luiz Vieira, Paulinho Nogueira, José Neummane Pinto, Rolando Boldrim, Silvio Caldas, Jacob do Bandolim, Silveira Sampaio. Atuou como repórter na “Folha”.

O biógrafo de Euricledes Formiga assinala que as manifestações de mediunidade do poeta ocorriam de maneira intranquila e fora de controle. Essa circunstância levou-o, com a ajuda da esposa Annabel, a buscar orientação com renomadas figuras da liderança espiritista.

Divaldo Pereira Franco, também poeta, foi o primeiro a participar do processo que levou Euricledes a abraçar definitivamente a doutrina espírita. Os contatos com Chico Xavier ocorreram mais tarde. Formiga e Annabel foram a Uberaba. O que aconteceu passa a ser narrado pelo biógrafo. “Havia mais de 30 pessoas na fila e ouviu-se a voz de Chico, chamando: “Formiguinha, vem cá!”  Como o marido não se manifestou, Annabel sugeriu que o médium o chamava. (...) Formiga não acreditou. Novamente, Chico chamou: “Formiguinha de luz, vem cá!” Annabel novamente falou ao marido que era a ele quem Chico chamava. (...) Ouviu como resposta: (...) Não é a mim que ele chama. Se fosse “Formiguinha de Treva”, poderia até ser, mas de luz jamais.” Chico, no terceiro chamado, foi mais enfático: “Euricledes Formiga, vem cá!” E, sorrindo, completou: “Formiguinha de luz, há dez anos que te espero!”

Euricledes Formiga dedicou-se de forma intensa à divulgação doutrinaria e práticas espíritas, vindo a falecer em 1983. Miguel Formiga, seu filho, engenheiro, escritor, autor da biografia, dá continuidade às ações do pai no plano religioso e intelectual. Na obra citada, além de muitas histórias interessantissimas vivenciadas por Euricledes, o leitor se inteira de sua fecunda criatividade poética. O prefácio do livro é de Carlos A. Baccelli, nome que desfruta do maior respeito nos círculos espíritas e culturais.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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