MENSAGENS
Vilma Cunha Duarte
Corajosa, liberto-me do domicílio no planeta multimídia. Desligo comandos, que devagar e ardilosamente, reconectam-me com a simplicidade de viver.
Quero jejum e abstinência da informação que sufoca, oprime o peito e espalha a angústia coletiva. Preciso de uma trégua dos lugares comuns das tragédias sadicamente recontadas. Urge purificar-me dos vírus perigosos da comunicação, mergulhando fundo na transparência dos meus sentimentos.
Desnudo-me da roupagem pesada da robotização dos pensamentos, palavras , obras e aqueço-me no manto aconchegante da Poesia.
Santificada pelo milagre da entrega absoluta, ouço as vozes do vento, beijo a boca da noite, deixo-me rolar entre as nuvens no folguedo descuidado com as estrelas, e me dou de alma inteira para o luar. Permito-lhe brincar em mim no vaivém ondulante da chuva de prata, para serenar-me as emoções.
Subjugada pelo magnetismo do cenário-natureza, inebrio-me com tons de vozes aveludadas e sedutoras com o poder de encantar. De onde viriam e qual mensagem trariam com aquele jeito insinuante de sussurrar?
Gente, não era. Suavidade assim, é surreal.
A noite já vai bem passada. Quem sabe... olhar para o céu... abrir os ouvidos e...
Ei! Desliga as tomadas do mundo e ouve o recado só teu.
Hoje és uma estrela. De um lado teu, a estelar Poesia, no outro o teu amor cá do céu. Três a brilhar a lindeza das faceiras.
Sobe o teu olhar para o alto. Descobrirás a singeleza dos etéreos, a harmonia das cores, a casa de tintas do arco-íris, as esculturas das nuvens, a cama do sol, os olhos de vigília da noite, que guarda segredos a sete chaves.
És daqueles que amam os que têm asas. Vivos ou Encantados, na química suave dos sensíveis. Podes perdoar os resmungos do mar exaltado, molhar os olhos com o balé das ondas em sincronia, arrepiar-se de prazer com a brisa a te tocar, alcançando o estado de graça em comunhão com a natureza.
Tens ouvidos de escutar a sinfonia dos anjos tiradas das suas harpas divinais e imaginação para compor com as tuas notas , a tua canção de ninar a felicidade. Guardas no teu baú de preciosidades o crepúsculo incendiado da despedida do sol, os bocejos preguiçosos das manhãs beijadas de orvalho e a pureza de noivas nas águas que despencam a cantar.
Quanta generosidade. Pobre de mim. Eram mimos das três estrelas de Sírius afagando-me as carências, piscando com jeito de NOITE FELIZ em pleno fevereiro começado, como enfeite precioso todo dia, para o presépio-coração.
" Ora direis ouvir estrelas........."
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