A busca da “partícula de Deus”
Cesar Vanucci *
“A peça que falta para o
quebra-cabeças.”
(Fernando Werkhaizer, físico)
Cientistas
famosos andam apregoando que suas avançadas pesquisas pelas enigmáticas veredas
da física quântica vêm permitindo aproximação cada vez maior da chamada
“partícula de Deus”. Gabam-se mesmo de já haver encontrado pistas intrigantes
da localização do “bóson de Higgs”, estrutura supostamente responsável pelas
interações na Natureza. No entendimento dos doutos, embora hipotético, um
elemento provido de massa que teria aparecido logo após o também hipotético
“Big Bang”, apontado por círculos científicos como a primeira de todas as
coisas dentro da linha conceitual adotada pra explicar a Criação.
Tal
partícula seria responsável pela composição dos átomos. Advém dessa circunstância
a denominação que se lhe foi dada de “partícula de Deus”.
Passa
bem ao largo das cogitações deste desajeitado escriba, com sua supina
ignorância da temática cientifica, desdenhar ou mesmo contradizer diretamente
os brilhantes físicos engajados nesse salutar propósito de descobrir, pelos
atalhos das exaustivas investigações cientificas, explicações sobre como
começou tudo quanto está posto aí. Mas que eu duvido possa esse bem
intencionado esforço desembocar, nos prazos estipulados, nas respostas tão
desejadas pelo aluvião de interrogações nascidas da compreensível inquietação
humana a respeito do principio, sentido e destino da aventura da vida, ah,
isso, eu duvido mesmo, sim senhores! Como se costumava dizer, noutros tempos,
de forma bem descontraída em papos coloquiais, du-vi-de-o-do.
Tanto
quanto o meu restrito entendimento leigo consegue alcançar dessa fascinante procura
levada avante por alguns cérebros privilegiados, com o concurso de tecnologias
assombrosas, o chamado “bóson de Higgs” seria assim como uma peça que estaria
faltando pra fechar o quebra-cabeças da teoria do “Big-Bang”, ou seja da
explosão nuclear que formou o Universo. Não passa, como já dito, de hipótese, sujeita
ainda a comprovação, de acordo com a expectativa de eminentes sábios.
Os
colisores de prótons, localizados em pontos estratégicos do mundo, empregados
nessa busca infatigável já estariam, a esta altura, fornecendo indícios
animadores (mais do que isso, talvez, convincentes) de que uma revelação
concludente estaria prestes a ser anunciada. Mas, muitos cientistas, precavidamente,
não descartam a possibilidade de que o processo possa não lograr atingir, por
conta de fatores imponderáveis, os resultados ardentemente almejados. O modelo
da investigação poderia ter sido composto com pressupostos equivocados. Se isso
de fato, contrariando tantas esperanças, acontecer, ou seja, a descoberta da
partícula não puder se consumar, outros caminhos haverão de ser, obviamente,
desbravados pela ciência na tentativa de achar explicações consistentes para os
mistérios que circundam a infinita vastidão cósmica.
Bem,
e quanto às descrenças pessoais que, simploriamente, consciente do
analfabetismo cientifico que carrego, entendi de externar quanto aos resultados
das investigações em curso a respeito da “partícula de Deus”, no que, afinal de
contas, se fundamentam? Em mera, pura e simples intuição. Nada mais do que
isso. Seria rematado tolo não reconhecesse na ciência um excepcional
instrumento de procura da verdade. Uma força poderosíssima em condições de movimentar
idéias e ações que se entrelaçam com o futuro e o destino da humanidade. Mas,
nada obstante os extraordinários feitos e conquistas proporcionados pela
ciência, levando em conta de outra parte tantos problemas cruciais
angustiantes, enfrentados pela sociedade humana destes nossos tempos –
problemas cuja solução distante depende bastante das inovações tecnológicas –,
penso, com meus botões, apoderado de certezas, ser ainda demasiadamente cedo,
no atual estágio de desenvolvimento emocional e espiritual do ser humano, pra
se conceber a possibilidade da decifração cabal do código da vida. O
deslindamento dessa charada não é pra agora. Aposto e dou lambuja.
* Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
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