terça-feira, 21 de dezembro de 2010

É Natal!




É Natal!

Cesar Vanucci *

“Natal é vitalidade (...) é inovação.”
(Juvenal Arduini, filósofo)

Natal é a festa do amor total.

Num despretensioso poemeto defini assim a mágica celebração: um poema de nazarena suavidade, um instante predestinado com timbre de eternidade, um cântico de amor pela humanidade, uma exortação solene à fraternidade, festa do amor total!

Das leituras que faço de autores de meu agrado andei recolhendo algumas anotações muito interessantes sobre o fascinante tema natalino. Retiro-as, do baú, para oferecê-las de presente, com sinceros votos de Boas Festas, aos prezados leitores.

Do escritor Pedro Nava: “Natal! Entram em recesso os ódios, os aborrecimentos, mal-querenças e os que não se gostam fingem que esqueceram os agravos e os que se gostam servem-se do período para amabilidades – desde o presente caro à simples palavra de amizade e aos votos de paz na Terra.”

Do filósofo Juvenal Arduini: “Não se trata de calar o Natal festivo. Mas a consciência humana deveria reconhecer sempre o espaço sábio, para projetar o sentido cristão e o surto teológico transcendental, para manter o conteúdo da personalidade do Natal. (...) Natal é refletir para o presente e para superar saltos permanentes. É consistência infatigável (...) Natal é vitalidade, é exuberância, é crescimento, é inovação.”

De Vinicius de Moraes, no poema “Natal”: “A grande ocorrência / Que nos conta o sino / É que, na indigência / Nasceu um menino. (...) Muito tempo faz... / Mas ninguém olvida / Que é um dia de paz... / Porque fez-se a vida!”

Da poeta Yeda Prates Bernis (poema “Presépio moderno”): “Uma estrela guia / de laser / Na manjedoura / - mãos ao alto - / um menino. / Os animais / a vegetação / onde estão? / Três reis / e suas oferendas / de nêutrons.”

De Assis Valente, nome de realce da MPB (melodia “Anoiteceu”): “Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel...”

Do poeta Fernando Moreira Salles: “Hoje / calo o verso / com que engano / o poeta que me habita / e lembro / um menino / filho de carpinteiro / a quem busco / no rastro dos mísseis / na dor das calçadas / na noite indiferente. / É Natal / em toda parte / em parte alguma / catedrais do instante / que erguemos / sôfregos / nas valas comuns / da intolerância / e no rancor / que arde / em nossa fé. / É Natal / Dá-nos, menino, / ao menos esta noite / a tua mão.”

Do trovador Newton Vieira: “Feliz Natal, com certeza, / tu só verás, meu irmão, / se o pão que sobra em tua mesa / chegar às mesas sem pão.”

Trecho da crônica “No Presépio”, do livro “Filandras”, de Adélia Prado: “À meia noite o Menino vem, à meia-noite em ponto. Forro o cocho de palha. Ele vem, as coisas sabem, pois, estão pulsando, os carneiros de gesso, a estrela de purpurina, a lagoa feita de espelhos (...)”

Do poeta Waldemar Lopes: “A vinda do Menino a todos faz meninos.”

Do dramaturgo Nelson Rodrigues: “O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.”

Do poeta Ubirajara Franco (poema “Papai Noel”): “Bem-vindo, Papai Noel! Traduzem tuas barbas brancas a pureza das crianças. / Passos leves... leves... de mistério, colocando no portal meu presente de Natal. / Embora não sendo santo, és uma mentira linda, / que entre verdades amargas / sobrevive ainda (...)”

De Carlos Drummond de Andrade (“Versiprosa”): “Menino, peço-te a graça / de não fazer mais poema / de Natal. / Uns dois ou três, inda passa... / Industrializar o tema, / eis o mal.”

* Jornalista (cantonius@click21.com.br)

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