quarta-feira, 11 de julho de 2012

A descoberta do “bóson de Higgs”


A descoberta do “bóson de Higgs”

Cesar Vanucci “

“Superamos uma etapa em nossa compreensão da Natureza.”
(Cientista Rolf Heur, diretor-geral do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares)

Os intensos rumores dos últimos meses em torno de uma descoberta cientifica extraordinária no campo da física quântica parecem haver se confirmado. Cientistas vinculados aos programas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares admitiram a existência de uma nova partícula subatômica, descrita como sendo o chamado “bóson de Higgs”, também conhecido como a “Partícula de Deus”, elemento que ajudaria a explicar o que dá tamanho e forma a toda a matéria existente no Universo.
As imagens que percorreram o mundo, à hora da revelação em Genebra, para platéia constituída dos mais renomados cientistas do mundo, acerca do “bóson de Higgs”, deram a medida exata da magnitude da descoberta. Pelos aplausos entusiásticos e semblantes emocionados dos físicos ficou muito bem evidenciado que uma barreira transcendente no campo das pesquisas acabara de ser magistralmente transposta. O clima de exultação à volta do britânico Peter Higgs, cientista de 83 anos que, desde 1964, postula por dedução a existência da célebre partícula que leva seu nome, dimensionou também o significado histórico da divulgação feita. “Superamos uma nova etapa em nossa compreensão da Natureza. Esta partícula permitirá descobrir outros mistérios de nosso universo”, asseverou, eufórico, o cientista Rolf Heuer, diretor-geral da instituição (CEPN) em que se acha instalado o “grande colisor de hádrons” (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, onde foram desenvolvidas as pesquisas.
Arrisco, ancorado apenasmente na intuição, bastante consciente do elevado grau de meu analfabetismo cientifico, um singelo palpite: a descoberta, por mais avançada que tenha sido, não deverá representar, ao contrário do que muita gente tem sustentado, resposta definitiva para questões verdadeiramente essenciais da aventura humana. Em meu modesto entendimento das coisas, o atual estágio espiritual da humanidade não oferece condições para que a ciência, ou qualquer outro valioso instrumento nascido da inteligência humana, consiga decifrar por completo, de forma convincente, a charada da existência. Isso vai ter que ficar pra mais adiante.  Bem mais adiante nessa extensa caminhada humana, tão pontilhada de situações inexplicáveis. O “bóson de Higgs”, independentemente das extraordinárias faculdades que lhe sejam atribuídas, mesmo que os sábios o apontem como elemento-chave da estrutura fundamental da matéria, passará a ser enxergado, dentro em breve, em sua real proporção. Noutras palavras, como uma nova, importantíssima e promissora vereda no complexo esquema de identificação dos elementos componentes das chamadas partículas elementais. Assim como já aconteceu no passado com o átomo. A expressão “Partícula de Deus”, com que resolveram açodadamente batizá-lo, acabará sendo vista como um exagero colossal na descrição de suas singulares propriedades.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário