A descoberta do “bóson de Higgs”
Cesar Vanucci “
“Superamos uma etapa em
nossa compreensão da Natureza.”
(Cientista Rolf Heur,
diretor-geral do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares)
Os
intensos rumores dos últimos meses em torno de uma descoberta cientifica
extraordinária no campo da física quântica parecem haver se confirmado.
Cientistas vinculados aos programas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares
admitiram a existência de uma nova partícula subatômica, descrita como sendo o
chamado “bóson de Higgs”, também conhecido como a “Partícula de Deus”, elemento
que ajudaria a explicar o que dá tamanho e forma a toda a matéria existente no
Universo.
As
imagens que percorreram o mundo, à hora da revelação em Genebra, para platéia
constituída dos mais renomados cientistas do mundo, acerca do “bóson de Higgs”,
deram a medida exata da magnitude da descoberta. Pelos aplausos entusiásticos e
semblantes emocionados dos físicos ficou muito bem evidenciado que uma barreira
transcendente no campo das pesquisas acabara de ser magistralmente transposta.
O clima de exultação à volta do britânico Peter Higgs, cientista de 83 anos
que, desde 1964, postula por dedução a existência da célebre partícula que leva
seu nome, dimensionou também o significado histórico da divulgação feita.
“Superamos uma nova etapa em nossa compreensão da Natureza. Esta partícula
permitirá descobrir outros mistérios de nosso universo”, asseverou, eufórico, o
cientista Rolf Heuer, diretor-geral da instituição (CEPN) em que se acha
instalado o “grande colisor de hádrons” (LHC), o maior acelerador de partículas
do mundo, onde foram desenvolvidas as pesquisas.
Arrisco,
ancorado apenasmente na intuição, bastante consciente do elevado grau de meu
analfabetismo cientifico, um singelo palpite: a descoberta, por mais avançada
que tenha sido, não deverá representar, ao contrário do que muita gente tem
sustentado, resposta definitiva para questões verdadeiramente essenciais da
aventura humana. Em meu modesto entendimento das coisas, o atual estágio
espiritual da humanidade não oferece condições para que a ciência, ou qualquer
outro valioso instrumento nascido da inteligência humana, consiga decifrar por
completo, de forma convincente, a charada da existência. Isso vai ter que ficar
pra mais adiante. Bem mais adiante nessa
extensa caminhada humana, tão pontilhada de situações inexplicáveis. O “bóson
de Higgs”, independentemente das extraordinárias faculdades que lhe sejam
atribuídas, mesmo que os sábios o apontem como elemento-chave da estrutura
fundamental da matéria, passará a ser enxergado, dentro em breve, em sua real
proporção. Noutras palavras, como uma nova, importantíssima e promissora vereda
no complexo esquema de identificação dos elementos componentes das chamadas
partículas elementais. Assim como já aconteceu no passado com o átomo. A
expressão “Partícula de Deus”, com que resolveram açodadamente batizá-lo,
acabará sendo vista como um exagero colossal na descrição de suas singulares
propriedades.
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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