As clareiras abertas por Daniken
Cesar Vanucci *
“Em tempos passados e primordiais, a Terra recebeu
visitas de seres desconhecidos, procedentes do Cosmo.”
(Erich von Daniken)
Erich von Daniken rodou pelo Brasil, sem o alarde, pelo menos na etapa cumprida em Beagá, que uma presença tão ilustre fizesse por merecer. A esplêndida palestra dada no Centro de Cultura Nansen Araújo do Sesiminas deixou-nos robustecidos na convicção de que as linhas basilares das idéias vanguardeiras que defende a respeito da suposta visita de astronautas, em tempos remotos, ao nosso planeta permanecem extremamente atuais.
As afirmações instigantes de seu primeiro livro – Eram os deuses astronautas? – que alcançou vendagens só sobrepujadas pela Bíblia, conservam o frescor primaveril de uma tese novidadeira, que todo mundo intui, naturalmente, possa vir a ser, a qualquer hora, confirmada. Suas declarações, ao contrário do que se imagina em redutos fundamentalistas, contêm inequívoco apelo místico. Acercam-se, de algum modo, daquilo que José Gabriel Fuentes, diretor do Observatório do Vaticano, arguido acerca da viabilidade da vida extraterrena, comenta: “Da mesma maneira que existe uma grande quantidade de criaturas na Terra, também podem existir outras formas de vida – até inteligentes – que também foram criadas por Deus.” Daniken vem se consagrando, uma vida inteira, à estóica, muitas vezes, ridicularizada tarefa de tentar provar a viabilidade da existência de vida inteligente fora desta minúscula ilhota perdida, chamada Terra, nesse oceano interminável de inexplicabilidades denominado Cosmos. Seus mais de trinta livros, traduzidos em 25 idiomas, com 63 milhões de cópias, documentam com argumentos poderosos e imagens desnorteantes, muitos deles interpretados de registros sagrados, a possibilidade deste nosso mundo, antes dos tempos de hoje, já haver abrigado outras formas de vida inteligente providas de avançados recursos tecnológicos.
O jornalista Rafael Cury, dirigente do Instituto Galileo Galilei, de Santa Catarina, órgão que patrocinou a vinda de Daniken ao Brasil (Brasília, Rio, São Paulo, Blumenau e Belo Horizonte), incumbiu-me, desvanecedoramente, da apresentação do famoso pensador à seleta platéia que participou do evento no Sesi.
Em breve fala, expliquei que a apresentação de um personagem desse gabarito seria, na verdade, dispensável. Disse sentir-me no papel de um locutor que, num estádio de futebol, houvesse sido designado, antes do espetáculo programado, pra fazer uma apresentação de Pelé. Mas como o protocolo apontava a conveniência daquela palavra introdutória, esforçando-me por torná-la breve, iria valer-me de informações a respeito do personagem, posto que fascinantes, óbvias por demais.
Daniken – acentuei – é o que se pode chamar de um contemporâneo do futuro. Alguém que enveredou, com empenho e desassombro, mata densa adentro, com espírito desbravador, abrindo picadas e formando clareiras na busca do conhecimento, de forma a permitir ao ser humano o exercício da curiosidade e da visão ilimitada para descobrir o por quê das coisas. Mostrou-nos que, pra enxergar mais longe, temos que olhar por cima dos muros que nos rodeiam. Proceder como aqueles navegadores do desbravamento marítimo: olhar as estrelas pra dar rumo ao navio. Brindou-nos com interpretação mítica deslumbrante do futuro, estimulando-nos a repensar o papel do homem no contexto do Universo. Aguçou nossa sede de conhecimento no sentido de entender melhor os prodígios da vida e pra formular perguntas, muitas perguntas, mesmo sabedores de que sempre nos defrontaremos com novas e mais perturbadoras perguntas do que com respostas. Lembrei, também, que nos sítios arqueológicos espalhados pelo mundo – alguns já por mim prazerosamente percorridos – os guias passam aos turistas as informações constantes da cartilha que lhes é dada, mas costumeiramente acrescentam informações a respeito de teorias bastante diferentes sobre o que realmente teria acontecido naqueles lugares, mencionando aí, sempre, o que se conta nos livros de von Daniken. Ou seja, a participação de seres inteligentes de outras civilizações em momentos significativos da construção humana. Concluí afirmando que as assertivas do escritor suíço colocam-no, no vasto cenário da inteligência humana, num patamar que acena com a mudança de paradigmas culturais engessados, visando a assimilação de conceitos descortinadores nos horizontes do conhecimento.
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário