quarta-feira, 25 de abril de 2012

Diretoria
 2012 - 2014
Em reunião realizada em 24 de abril de 2012, às 16 horas, na sede da AMULMIG, foi eleita a chapa única para Diretoria da AMULMIG, gestão 2012 - 2014 e o Conselho Superior da AMULMIG - 2012 -2016.

José de Assis (Presidente da Comissão Eleitoral), Altair Andrade de Pinho, Francisco Vieira Chagas,
Luiz Carlos Abritta, Elisabeth Rennó, Conceição Abritta, Ismaília de Moura Nunes e Cely Vilhena
Presidente Emérito: Luiz carlos Abritta
Presidente: Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos
Primeira Vice-Presidente: Maria Conceição Antunes Parreiras Abritta
Segunda Vice-Presidente: Ismaília de Moura Nunes
Secretário Geral: Francisco Vieira Chagas
Primeira Secretária: Altair Andrade de Pinho
Segundo Secretário: João Quintino da Silva
Primeira tesoureira: Elza Aguiar Neves
Segunda Tesoureira: Angela Togeiro Ferreira
Primeira Bibliotecária: Maria de Lourdes Rabello Villares
Segunda Bibliotecária: Eva Maria Queiroz
Comissão de Avaliação:
César Vanucci
Maria Lúcia Godoy Pereira
Maria Auxiliadora de Carvalho Lago
Comissão de Contas:
José Benedito Donadon-Leal
Daniel Antunes Júnior
Luiz Alberto de Almeida Magalhães
Comissão de Relações Públicas:
Gabriel Bicalho
Cândida Corrêa Cortes Carvalho
Maria Carmem de Castro Amorim Ximenes de Souza
Comissão de Artes:
Janine Fanucci de Almeida Melo
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
José Sebastião Ferreira
Conselho Superior - gestão 2012-2016
Presidente: Cely Maria Vilhena de Moura Falabella
Secretária:Maria Lúcia Godoy Pereira
Membros: Almira Guaracy Rebêllo, Altair Andrade de Pinho, Aluízio Alberto Quintão, Ana Ataíde Ferreira da Silva, Angela Togeiro Ferreira, Cândida Corrêa Cortes Carvalho, Clara Maria Rodrigues Barbosa, Gérson Cunha, José de Assis, José Anchieta da Silva, Maria Laura Pereira da Silva Couy, Maria Natalina Jardim, Maria Terezinha Costa Val Araújo, Mercês Maria Moreira, Natércia Silva Villefort Costa e Zeni de Barros Lana.

Vista parcial da reunião
O Instituto Brasileiro das Culturas Internacionais, Regional Minas Gerais, através de sua presidente Andreia Donadon Leal, fez entrega de Diplomas de participação na Antologia Écrivains Contemporais du Minas Gerais, lançado no 32º Salão do Livro de Paris, em 16 de março de 2012. Os memebros da AMULMIG presentes, que recebram o Diploma foram Luiz Carlos Abritta, Maria Conceição Antunes Parreiras Abritta, Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos e Maria Auxiliadora de Carvalho Lago.



Gabriel Bicalho, Elisabeth Rennó, Auxiliadora de Carvalho e Lago e Andreia Donadon Leal - Auxiliadora e Elisabeth recebem Voto de congratulação do InBrasCI-MG



Andreia Donadon Leal e Dr. Luiz Carlos Abritta recebe Voto de Congratulações do InBrasCI-MG


Poeminhas se quiser algum pro seu delicioso e encantador Jornal: ALDRAVA CULTURAL


Pensando Poesia

O que é um vestido de seda
se não estás dentro dele
um sapato se teus trôpegos pés
não andam passos de aventura
uma flor se não lhe tocas a maciez
tampouco te inebrias com o perfume
e uma vida intensa se tens medo
de ser infeliz para ser feliz?
O poeta mora no lado lindo do planeta
onde está a rosa do pequeno príncipe
as flores do menino do dedo verde
o paraíso de tantos descobridores
os príncipes de suspirados desejos
e o final feliz de cada história de amor.
 

  Ourado por sol                                                                                                                                  
Dos tesouros da natureza
Enrica-se o belo do mundo
Enquanto homem não vem

Com as tintas do arco-íris
Ninguém ousou o confisco
Ou pintou céu mais bonito

O verde das verdes matas
Só tem par na Esperança
A colorir bons sentimentos

Será onde a Mãe esconde
O pote de rico ouro do sol
Que dorme ourando poesia 
   
Versos Contidos
De novo esses versos  bocejam
Na moleza dos dias sem  graça
Entediados
De tanto dormitar no meu peito
Com muitos  sentires de ontem
Velhas emoções
Saudade boa tempo de glória
Amor bonito  amado  intenso
Felicidade
Versos como  plantas  paridas
Do amor - terra  e  a semente -
Mudam
De roupa  de cor  de cheiros...
Versos são volúveis estações
De amor
Têm tantas  caras e permeios
Um dia amargos outro de mel
Viver
Livrar  versos e soltar  amarras
Sentir a paz  na  energia  agora
E amanhã
Gastando o tempo  sem penar
Vida é poema novo ... alforria 
Hei!
Acorda teus  versos sensatos
Ou esses insensatos contidos
No coração.



Saudade Com Poesia


Amor sem festa...sinos e feitos

morrente como essa tarde fria
no triste adeus a mais outro dia

O sol se vai crepusculando a ida
e acende a noite em lua de vida

Fico aqui a desamarrar saudade
que atei no peito co'a felicidade

Ah! os tempos do sentir intenso
corpo e alma em total consenso

Restou o amor o jamais desfeito

domingo, 22 de abril de 2012


Millôr , simplesmente

Cesar Vanucci *

“Na vida, o gozado / É que nem o palhaço / É engraçado.”
(Millôr Fernandes)

Não resisti à tentação de lançar neste minifúndio de papel (pra tomar emprestada definição do saudoso Roberto Drummond) sugestivo registro feito pelo talentoso cronista Leonardo Attuch na “IstoÉ”, encaixando conceitos de Millôr Fernandes, um homem que sabia das coisas, em fatos e personagens notórios da atualidade brasileira.

Aqui está o resultado dessa elucubração: “Para Demóstenes Torres: Moralista é um sujeito que sempre acha que você deve fazer o contrário. Para Carlinhos Cachoeira: Toda prisão é construída com dinheiro roubado. Para Márcio Thomaz Bastos: Grandes advogados conhecem muita jurisprudência. Advogados geniais conhecem muitos juizes. Para José Sarney: Sir-Ney, nunca ninguém governou tão mal tão bem. Para os juizes brasileiros: Mordomia é ter tudo que o dinheiro – do contribuinte – pode comprar. Para Fidel Castro: Não há exceção – poder conquistado pela força só se mantém pela força e só sai à força. Para José Serra: Ao nascer todo ser humano já traz dentro de si todas as características fundamentais pra querer mandar em todo mundo e não admitir qualquer controvérsia. Para Michel Teló: A verdade é que nenhum – nenhum – ser humano está preparado pro sucesso. Alheio, digo. Para Dilma Rousseff: A reestruturação do Estado visa acabar com o golpe, o suborno, o acobertamento, o compadrio e o nepotismo. Em suma, acabar com os nossos valores tradicionais. Para Michel Temer: A ociosidade é a mãe de todos os vices. Para FHC: Não ter vaidade é a maior de todas. Para Lula: Ninguém jamais atingiu a satisfação total da sua vaidade. Para os mensaleiros: O Brasil é o único país em que os ratos conseguem botar a culpa no queijo. Para Demóstenes Torres (mais uma): A verdade é aquilo que sobra depois que você esgotou as mentiras.”

E pra aproveitar o clima, que tal preencher o restante do espaço com alguns hai-kais de Millôr? Vamos lá:
- A gaveta aberta / tem expressão / Liberta.
- Mulatas na pista, / Perco a vontade / De ser racista.
- A água do chafariz / Busca a beleza / Reflete um triz.
- Nunca esqueça: / A vida / Também perde  a cabeça.
- Santo de verdade / Um egoísta / Da generosidade.
- Torre de marfim? / Reserva três / Pra mim.
- O cético sábio / Sorri / Só com um lábio.
- Esnobar / É exigir café fervendo / E deixar esfriar.
- Na penumbra, a sós. / Quando a luz acende / Já não somos nós.
- Será que o doutor / Cobra pela cura / Ou cobra a dor?
- A vida é um saque / Que se faz no espaço / Entre o tic e o tac.
- No lusco-fusco, a passarada / Faz o ensaio geral / Para a alvorada.
- O veludo / Tem perfume / Mudo.
- Olha, / Entre um pingo e outro / A chuva não molha.

Isso aí, gente boa!

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br


Outono de mim
                            Vilma Cunha Duarte
 
Outono me possui magicamente, doura-me os pensamentos e me ressuscita mulher.
Arranca peles e folhas secas e me seiva de corpo inteiro com a poção da Poesia.
Pelos milagres incontestáveis da natureza sinto-me árvore de bons frutos. Que ofereço de graça e pela graça da Poesia.
Distribuo iguarias cheirosas com gosto bom de paz, depois de nutridas nos pomares do perdão, uma das moradas da Poesia.
Pinto crepúsculos com ouro e rubro ao pôr do sol, e chamo o Rei para ir deitar-se com a Poesia.
Anilo céus das minhas manhãs douradas com pincéis de Poesia.
Resfrio as tardezinhas com sopro de brisa e aqueço-me com o manto rendado da Poesia.
Peço e ganho chuvinha mansa que não relampeja e assusta, lava-me os braços enfolharados, faz brotar rimas e versos de flores, em minhas mãos de Poesia.
Acendo as estrelinhas do céu e brinco de Drummond, Quintana, Adélia Prado com a lua apaixonada por Poesia.
Assisto ao vento embalar folhas caídas de mansinho como se coreografasse a alma da Poesia.
Outono e eu somos vida na união feliz, que não teme a morte invejosa da felicidade.
Outono me vira do avesso, expõe minhas sementes que brotam esfuziantes em flores e frutos de mim, a estação.
Sou paineira explodindo cor-de-rosa nos meus galhos frondosos, e tapete bonito pra quem enxerga o belo no alto e no chão.
Mexerica suculenta mordida com gosto por bocas sequiosas de frutas outonais.
Manhãs, tardes e noites misteriosas, que não sabem controlar suas friagens e quenturas.
Sou outono volúvel e sereno, encantador e dissimulado, instigante e poético até não poder.
Um hora, hei de compor o melhor poema outonal.
Buscarei as rimas na pele acariciada pela brisa sedutora, e os versos nos sonhos  sonhados, porque só os sonhos sabem repetir os melhores momentos da felicidade.
Das minhas estações nunca escondi, gosto mais de ser outono.
Que me abraça e aperta saudades, que  ontens e mais ontens,  nunca conseguiram levar.
Outono tem o talento pra  renovar-me melhor.
Despojada de peles velhas e folhas ressequidas, renasço estrofes de fruto maduro com  gosto de amor eterno.
Outono de mim.
Licença que a Poesia me dá!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Calendário da AMULMIG e Eleições

SESSÕES PROGRAMADAS PARA O 1° SEMESTRE DE 2012 DA AMULMIG

Horário: 16 horas

MARÇO: 6 (abertura) pauta de trabalhos
MARÇO: 20 - reunião

ABRIL: 10 (aniversário e eleições)
ABRIL: 24 - reunião

MAIO: 8 (Dia das Mães)
MAIO: 22 - reunião

JUNHO: 05 - reunião
JUNHO: 19 - reunião



AMULMIG

Eleições para os Cargos da DIRETORIA e do CONSELHO SUPERIOR DA AMULMIG


ASSEMBLEIA GERAL
Edital de Convocação

O presente edital tem a finalidade de convocar a Assembleia Geral destinada às eleições para os cargos da Diretoria e do Conselho Superior da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, a realizar-se no dia 24 (VINTE E QUATRO) de ABRIL de 2012, das 15:00 (quinze) às 18:00 (dezoito) HORAS, na sede da Academia.
O Registro de CHAPAS será feito até às 18 (dezoito) horas do dia 10 (dez) de ABRIL DE 2012, junto à Secretaria Geral da AMULMIG.
NÃO HAVERÁ VOTO POR PROCURAÇÃO. Para Votar, o (a) acadêmico (a) DEVERÁ ESTAR QUITE COM A TESOURARIA DA AMULMIG.

Belo Horizonte, 06 de março de 2012.

ELISABETH FERNANDES RENNÓ DE CASTRO SANTOS - Presidente


Em tempo: O Acadêmico JOSÉ DE ASSIS fica nomeado PRESIDENTE DA JUNTA ELEITORAL que procederá as eleições, sua apuração e proclamação dos membros eleitos para os cargos da Diretoria e do Conselho Superior da AMULMIG, a realizar-se no dia, horário e local constantes do Edital de Convocação.

Registre-se e cumpra-se.

Belo Horizonte, data supra.

ELISABETH FERNANDES RENNÓ DE CASTRO SANTOS - PRESIDENTE

As clareiras abertas por Daniken


As clareiras abertas por Daniken

Cesar Vanucci *

“Em tempos passados e primordiais, a Terra recebeu
visitas de seres desconhecidos, procedentes do Cosmo.”
(Erich von Daniken)

Erich von Daniken rodou pelo Brasil, sem o alarde, pelo menos na etapa cumprida em Beagá, que uma presença tão ilustre fizesse por merecer. A esplêndida palestra dada no Centro de Cultura Nansen Araújo do Sesiminas deixou-nos robustecidos na convicção de que as linhas basilares das idéias vanguardeiras que defende a respeito da suposta visita de astronautas, em tempos remotos, ao nosso planeta permanecem extremamente atuais.

As afirmações instigantes de seu primeiro livro – Eram os deuses astronautas? – que alcançou vendagens só sobrepujadas pela Bíblia, conservam o frescor primaveril de uma tese novidadeira, que todo mundo intui, naturalmente, possa vir a ser, a qualquer hora, confirmada. Suas declarações, ao contrário do que se imagina em redutos fundamentalistas, contêm inequívoco apelo místico. Acercam-se, de algum modo, daquilo que José Gabriel Fuentes, diretor do Observatório do Vaticano, arguido acerca da viabilidade da vida extraterrena, comenta: “Da mesma maneira que existe uma grande quantidade de criaturas na Terra, também podem existir outras formas de vida – até inteligentes – que também foram criadas por Deus.” Daniken vem se consagrando, uma vida inteira, à estóica, muitas vezes, ridicularizada tarefa de tentar provar a viabilidade da existência de vida inteligente fora desta minúscula ilhota perdida, chamada Terra, nesse oceano interminável de inexplicabilidades denominado Cosmos. Seus mais de trinta livros, traduzidos em 25 idiomas, com 63 milhões de cópias, documentam com argumentos poderosos e imagens desnorteantes, muitos deles interpretados de registros sagrados, a possibilidade deste nosso mundo, antes dos tempos de hoje, já haver abrigado outras formas de vida inteligente providas de avançados recursos tecnológicos.

O jornalista Rafael Cury, dirigente do Instituto Galileo Galilei, de Santa Catarina, órgão que patrocinou a vinda de Daniken ao Brasil (Brasília, Rio, São Paulo, Blumenau e Belo Horizonte), incumbiu-me, desvanecedoramente, da apresentação do famoso pensador à seleta platéia que participou do evento no Sesi.

Em breve fala, expliquei que a apresentação de um personagem desse gabarito seria, na verdade, dispensável. Disse sentir-me no papel de um locutor que, num estádio de futebol, houvesse sido designado, antes do espetáculo programado, pra fazer uma apresentação de Pelé. Mas como o protocolo apontava a conveniência daquela palavra introdutória, esforçando-me por torná-la breve, iria valer-me de informações a respeito do personagem, posto que fascinantes, óbvias por demais.

Daniken – acentuei – é o que se pode chamar de um contemporâneo do futuro. Alguém que enveredou, com empenho e desassombro, mata densa adentro, com espírito desbravador, abrindo picadas e formando clareiras na busca do conhecimento, de forma a permitir ao ser humano o exercício da curiosidade e da visão ilimitada para descobrir o por quê das coisas. Mostrou-nos que, pra enxergar mais longe, temos que olhar por cima dos muros que nos rodeiam. Proceder como aqueles navegadores do desbravamento marítimo: olhar as estrelas pra dar rumo ao navio. Brindou-nos com interpretação mítica deslumbrante do futuro, estimulando-nos a repensar o papel do homem no contexto do Universo. Aguçou nossa sede de conhecimento no sentido de entender melhor os prodígios da vida e pra formular perguntas, muitas perguntas, mesmo sabedores de que sempre nos defrontaremos com novas e mais perturbadoras perguntas do que com respostas. Lembrei, também, que nos sítios arqueológicos espalhados pelo mundo – alguns já por mim prazerosamente percorridos – os guias passam aos turistas as informações constantes da cartilha que lhes é dada, mas costumeiramente acrescentam informações a respeito de teorias bastante diferentes sobre o que realmente teria acontecido naqueles lugares, mencionando aí, sempre, o que se conta nos livros de von Daniken. Ou seja, a participação de seres inteligentes de outras civilizações em momentos significativos da construção humana. Concluí afirmando que as assertivas do escritor suíço colocam-no, no vasto cenário da inteligência humana, num patamar que acena com a mudança de paradigmas culturais engessados, visando a assimilação de conceitos descortinadores nos horizontes do conhecimento.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Textos do Acadêmico Cesar Vanucci


Dois gênios da raça

Cesar Vanucci *

“Millôr e Chico, gênios insubstituíveis.”
(Jornalista Hélio Fernandes)

Confesso, em lisa e reta verdade, não saber bem pra onde mandar a reclamação. O que sei, escorado em compreensível inconformismo – não apenas meu, mas de um bocado de gente – é que a retirada de cena do palco da vida, assim sem mais nem menos, quase ao mesmo tempo, de dois legítimos gênios da raça, só pode mesmo ser interpretada como um baita despropósito. Uma censurável inadvertência do destino.

Mas, logo eles, o Chico e o Millôr? Com tanta celebridade de araque, inflada pelos ouropéis da fatuidade mundana, a dar sopa rasa aí na praça? Mas, logo esses dois super craques, titulares absolutos do escrete da inteligência, sem ninguém à vista no banco de reservas com o devido preparo para preencher seus postos? Convenhamos, os fados não se mostraram, desta feita, nada condescendentes com a cultura brasileira.

Percorro as alamedas da memória, a atenção desperta pra toda sorte de referências, revendo personagens que marcaram presença no plano do humor criativo, em diferentes momentos e cenários, desde as magistrais performances de Charlie Chaplin no cinema mudo até nossos dias. Chega-me rápido a constatação de que não andou pintando artista algum no pedaço com o talento de Francisco Anísio de Oliveira Paula Filho. Alguém que se mostrasse capaz de compor, com tamanho engenho e encantamento, tipos humanos tão identificados com a genuína alma das ruas. Poderá surgir, nalgum instante, o argumento de que, malgrado o ofuscante talento de Chico, a arte desse maranguapense (ufa!) inolvidável não conseguiu alcançar, ao contrário do que ocorreu com outras figuras exponenciais reveladas pelo cinema, sobretudo de Hollywood, ressonância mundial. O contra-argumento correto é de que, se culpa existe nesse caso, o prodigioso criador das mais de duzentas convincentes e saborosas caracterizações que arrancaram gargalhadas incontroláveis e magnetizaram multidões não tem nada a ver com isso. Afora dos domínios futebolísticos, ou, mais recentemente, de uma que outra modalidade esportiva olímpica, ou de nossa maravilhosa mpb, pouco se sabe lá fora do engenho de brasileiros bem providos de dons. Isso ajuda a explicar, por exemplo, o fato de romancistas e poetas do quilate de um Guimarães Rosa, de um Jorge Amado, de um Érico Veríssimo ou Carlos Drummond de Andrade, para ficar apenas numa amostragem de personagens destacados de nossa pujante seara literária, jamais terem tido os nomes lembrados para o Nobel.

Chico, proclame-se com justa ufania, projetou-se mesmo como o maior naquilo que fez. Um gênio sem igual. Arrisco até a endossar o que o jornalista Hélio Fernandes disse a respeito dele e de seu irmão Millor Fernandes: “gênios insubstituíveis”. Foi, além do mais, um cidadão nobre, de imenso coração e caráter.

Anos atrás, pela circunstância de frequentar amiúde a residência, no Rio de Janeiro, de meu saudoso irmão Augusto Cesar Vanucci, à época diretor da linha de shows e programas humorísticos da Rede Globo, participei de incontáveis encontros com elementos do mundo artístico. Esses prazenteiros contatos consolidaram em meu espírito a impressão de que os colegas de Chico dedicavam-lhe dose de admiração e apreço que ia muito além do esperado nos estritos termos da convivência profissional. O pessoal tinha-o na conta de líder, de amigo fraternal. Ele era o cara.

Este mestre da comunicação que acaba de nos deixar, brasileiríssimo na concepção do humor universal que nos legou, não tem como não ser reconhecido por todos como uma instituição nacional.



Um filósofo magistral


“O Millôr fazia rir pensando.”
(Zuenir Ventura, escritor)

Alguém afirmou, parece ter sido o Ziraldo, que Millôr Fernandes foi o maior filósofo brasileiro de todos os tempos. Recordo-me que, muitos anos atrás, num texto de Paulo Francis topei também com a afirmação de que Millôr era o escritor brasileiro mais completo. O que sabia, dentre todos, expressar-se com melhor precisão. Ou algo parecido.

Ambos têm razão de sobra no que disseram. Millôr Fernandes, escritor, jornalista, dramaturgo, tradutor, cartunista utilizou magistralmente o humor para tornar públicas suas interpretações filosóficas do intrincado jogo da vida. Deixou impressas, no extenso itinerário intelectual percorrido, cintilações verdadeiramente geniais. Seus horizontes criativos foram de amplitude pode-se dizer cósmica. A erudição, sabedoria, acuidade social, poder de criatividade e senso de humor que compunham seus múltiplos talentos permitiram-lhe construir obra pujante e definitiva, fadada a permanecer como referência maiúscula na criação intelectual da língua pátria.

Millôr disparava sempre uma palavra precisa, impecável, para definir os lances do cotidiano, pra comentar as instigantes reações comportamentais dos seres que habitam este nosso amalucado planeta. Irreverente, desassombrado, mordaz, exercitou esplendidamente a crítica social, vergastando, com estilo inconfundível, as imposturas e a hipocrisia nas avaliações que fazia dos atos e decisões das lideranças descomprometidas com o bem comum. Combateu, com firmeza, os desvarios dos tempos autoritários, burlando a censura implacável e entregando à reflexão dos leitores escritos antológicos.

De certa feita, como paraninfo de uma turma de jornalistas, numa hora considerada ainda delicada do ponto de vista político, marcada por incertezas quanto à retomada democrática, produziu um discurso singular. A ode que fez à democracia surpreendeu e magnetizou o público, que acabou cobrindo sua fala com verdadeira ovação. Cessadas as ruidosas manifestações, o escritor explicou, entre gargalhadas e novos aplausos frenéticos, que as palavras que acabara de proferir haviam sido, todas elas, extraídas de pronunciamentos de um dignitário do poder autoritário. Quis, certamente, com o intrigante e bem humorado gesto, transmitir num estilo muito seu, a lição de que a retórica empregada nas ditaduras exalta sempre, descerimoniosamente, os valores mais elevados da convivência humana, enquanto que, na prática, os dirigentes se empenham mesmo é em jugulá-los, sob a enganosa alegação de que estão cuidando de resguardá-los.

Esse intelectual admirável, que ao deixar de ser visto contribuiu para que seu País se tornasse menos inteligente, presenteou-nos em seus livros, peças, charges, poemas, hai-kais, com frases inesquecíveis, reveladoras do conhecimento aprofundado que tinha da alma humana. Eis aqui, para deleite duradouro, algumas delas:
“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos muito bem”. “Calúnia na internet a gente tem que espalhar logo, porque sempre é mentira”. “O dinheiro não dá felicidade. Mas paga tudo o que ela gasta”. “Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor”. “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”. “O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde”. “O capitalismo não perde por esperar. Em geral, ganha 6% ao mês”. “Todo homem nasce original e morre plágio”. “Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso”.

Isso aí. Millôr Fernandes, essa outra instituição legitimamente brasileira, confere vida, na verdade, àquilo que proclamava Bielinsk: “O que vive no povo inconscientemente e em estado virtual, encontra-se revelado e realizado no gênio”.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)