segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sétimo Dia!

Sétimo Dia!
                                                                                                Vilma Cunha Duarte

Já perdi tanta coisa importante... Se já!
Faz parte do cumprimento do plano da vida de todos nós. Há que ter um, indubitavelmente. Mesmo céticos e ateus hão de convir. Se não houvesse um plano pessoal para os mais de 7 bilhões de habitantes ainda em 2011, poderia parecer ou coincidir uns com os outros. Não há semelhança. Execrando ou morrendo de inveja do semelhante, impossível ter vida igual a dele.

A última rasteira que a vida me passou foi um deus nos acuda. Perda incomensurável de amargar orfandade atípica, difícil e complicada.
Um sem mais nem quê decretou mais esta morte, que me enluta inclusive a prática da literatura.

Acaso sempre apronta das suas. Uma hora, encantador e pródigo leva a gente ao sétimo céu.
Noutra, pinta e borda sem dó.  Até mata com a naturalidade impune que lhe é peculiar.
O danado me maltratou com esse último sumiço como quem pode, e... dane-se!

Há como pôr acaso na cadeia? De jeito maneira!
Ele se safa numa boa, como políticos e seus renovados engodos. Driblam até mesmo a pelejada ficha-limpa, dona de milhares de assinaturas.  Que hoje, ainda muito suja, contabiliza decepções.

Se eu pudesse, pegava o acaso pelo pescoço e o esganava.
Invejoso! Gosta de um malfeito, malsão, malquisto, malposto...

Já perdi a conta também, das histórias contadas e escritas sobre as falcatruas do tal.
Como você, certamente.
Um amigo diz que ele apronta e ainda ri da gente. Se fosse um personagem folclórico, tinha tudo do Saci Pererê. Implico com o acaso mal-humorado e ruim, faço questão de enfatizar.
O bonzinho é um doce como todo mundo sabe.

Que dó! Fiquei órfã de preciosidade demais desta vez.
Nem dá pra imaginar.

Hoje, enquanto escrevo, sétimo dia da fatal-fatalidade-fatídica, agradeço a Deus a capacidade de contornar as situações da minha vida, com fé, paciência e até humor.
Há muito, dei-me conta que arrancar os cabelos é bobagem e o que não tem remédio, remediado está.

Tudo encolhe se comparado à morte do meu marido.
Não subestimo a importância de nada, mas poupo-me de sofrimentos desnecessários. Uma trincheira e tanto na proteção da autoestima e recaídas emocionais.

Esta última perda balançou, mas não me levou ao chão. Egoísta, carregou anos da minha vida  em arquivos importantíssimos da sua memória, que eu acreditava poderosa.

...Deveras triste a morte súbita do HD do meu computador. Os “doutores” em tecnologia, que lhe tentaram a ressurreição, não sabem dizer se ele morreu de morte morrida, suicidou-se ou foi vítima do acaso.

Entre os tesouros guardados no dispositivo mestre da máquina, estavam os endereços eletrônicos de tantos que me leem pela Internet. Deixo aqui, o pedido enfático. Por favor, mande-me novamente. Sumiram mais de 600 e o seu estava lá. Gosto muito de lhe enviar meu trabalho com ilustração e música. Esqueça não, tá?
  
Comecei vida nova em outro HD. Livre de lamentações doentias.
O que foi, está ido, e acabou-se o que era doce...
Duvido nada do computador ter copiado a minha moda e urdido também lá, as suas mudanças.
Não deixei um endereço de 15 anos e comecei tudo de novo? 
Fazer o quê?
O jeito é tocar pra frente como der e vier.  
Sempre!


 
 

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