Vilma Cunha Duarte
Já perdi tanta coisa importante... Se já!
Faz parte do cumprimento do plano da vida de todos nós. Há que ter um, indubitavelmente. Mesmo céticos e ateus hão de convir. Se não houvesse um plano pessoal para os mais de 7 bilhões de habitantes ainda em 2011, poderia parecer ou coincidir uns com os outros. Não há semelhança. Execrando ou morrendo de inveja do semelhante, impossível ter vida igual a dele.
A última rasteira que a vida me passou foi um deus nos acuda. Perda incomensurável de amargar orfandade atípica, difícil e complicada.
Um sem mais nem quê decretou mais esta morte, que me enluta inclusive a prática da literatura.
Acaso sempre apronta das suas. Uma hora, encantador e pródigo leva a gente ao sétimo céu.
Noutra, pinta e borda sem dó. Até mata com a naturalidade impune que lhe é peculiar.
O danado me maltratou com esse último sumiço como quem pode, e... dane-se!
Há como pôr acaso na cadeia? De jeito maneira!
Ele se safa numa boa, como políticos e seus renovados engodos. Driblam até mesmo a pelejada ficha-limpa, dona de milhares de assinaturas. Que hoje, ainda muito suja, contabiliza decepções.
Se eu pudesse, pegava o acaso pelo pescoço e o esganava.
Invejoso! Gosta de um malfeito, malsão, malquisto, malposto...
Já perdi a conta também, das histórias contadas e escritas sobre as falcatruas do tal.
Como você, certamente.
Um amigo diz que ele apronta e ainda ri da gente. Se fosse um personagem folclórico, tinha tudo do Saci Pererê. Implico com o acaso mal-humorado e ruim, faço questão de enfatizar.
O bonzinho é um doce como todo mundo sabe.
Que dó! Fiquei órfã de preciosidade demais desta vez.
Nem dá pra imaginar.
Hoje, enquanto escrevo, sétimo dia da fatal-fatalidade-fatídica, agradeço a Deus a capacidade de contornar as situações da minha vida, com fé, paciência e até humor.
Há muito, dei-me conta que arrancar os cabelos é bobagem e o que não tem remédio, remediado está.
Tudo encolhe se comparado à morte do meu marido.
Não subestimo a importância de nada, mas poupo-me de sofrimentos desnecessários. Uma trincheira e tanto na proteção da autoestima e recaídas emocionais.
Esta última perda balançou, mas não me levou ao chão. Egoísta, carregou anos da minha vida em arquivos importantíssimos da sua memória, que eu acreditava poderosa.
...Deveras triste a morte súbita do HD do meu computador. Os “doutores” em tecnologia, que lhe tentaram a ressurreição, não sabem dizer se ele morreu de morte morrida, suicidou-se ou foi vítima do acaso.
Entre os tesouros guardados no dispositivo mestre da máquina, estavam os endereços eletrônicos de tantos que me leem pela Internet. Deixo aqui, o pedido enfático. Por favor, mande-me novamente. Sumiram mais de 600 e o seu estava lá. Gosto muito de lhe enviar meu trabalho com ilustração e música. Esqueça não, tá?
Comecei vida nova em outro HD. Livre de lamentações doentias.
O que foi, está ido, e acabou-se o que era doce...
Duvido nada do computador ter copiado a minha moda e urdido também lá, as suas mudanças.
Não deixei um endereço de 15 anos e comecei tudo de novo?
Fazer o quê?
O jeito é tocar pra frente como der e vier.
Sempre!
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