O Ofício das Palavras
Vilma Cunha Duarte
Vilma Cunha Duarte
As paixões diferem das formas mais impensadas e irreverentes. Mimo da bondade de Deus criando a universalidade dos seres. Noves fora, casos de ligações entre pessoas, outras paixões dão panos pra manga e asas à imaginação.
Tem gente, que gosta mais de coisa que de gente.
De carro, por exemplo. Há paixões arrebatadoras, caríssimas e folclóricas pela máquina cobiçada.
Alguns curtem, cuidam, amam e preferem bichos. De toda raça, cor e tamanho.
Conheço uma “cãomaníaca,” (tem 12 em casa) que defende o mote: bicho retribui amor.
Já um outro perguntou-me e respondeu na reprise: “Sabe por que o cachorro é o maior amigo do homem? Ele não conhece dinheiro”.
Tudo isso faz a diferença de ser humano. Mais ou menos com a mesma forma, somos um quase infinito de contrastes. E nessa confusão no pensar e agir, podemos inclusive nos dar muito bem uns com os outros.
Principalmente, se sentimos amor que não tem preço e nem pede troco. Amor lindo de amar sem sofrer.
Amor fantasiado dá um trabalho... desses que um inventa pro outro sentir, e depois acaba sumindo na projeção do impossível.
No exame de consciência de costume, assisto ao florescer-me de humanidade.
Vejo-me com lentes de lupa, das limitações ao que é bom tentando, dia após dia, equilibrar-me no trapézio desafiante do viver.
Sinto lindamente no peito, que gente é muito mais importante que coisa, sem cobrança e julgamento.
Isenta de santidade ou pieguice, morro escoteira do amor.Com conhecimento de causa. Vivi um daqueles de explodir as emoções em poesia.
Ainda tenho paixões...
Dizem que elas não são duradouras. Mentira pura dos rotuladores de gente. Como se alguém coubesse nos padrões dos “sabidos” desse mundo.
Encantei-me pelas palavras ao aprender a falar e apaixonei-me perdidamente por elas, quando aprendi a escrever.
Hoje, ferramentas do meu ofício, são escolhidas a dedo, para não ferir quem as procura.
Tem tanta palavra ruim, saindo amarga do fígado, escorrendo boca afora, como alvo envenenado.
Ou então escrita com fel, sangue, descrença para vampirar sensacionalismo e vender a angústia coletiva. Gosto delas, não.
Meu dicionário é cor-de-rosa e o grosso dos verbetes têm raízes de esperança.
Acredito piamente, que o anúncio da boa-nova pode ajudar muita gente a melhorar de ser triste e até do complexo infiel, que ser brasileiro não dá.
Meu Brasil dos quatro cantos se achega aqui em casa, de bem com as boas palavras, que moram no templo do meu coração.
Assim:
“Você não conseguiu ser mãe biológica, mas tem espalhado palavras tão belas, que de certa maneira a vemos como mãe de todos nós, que nos tornamos melhores em sentimentos refletindo sobre o amor que as suas mensagens trazem”. Obrigada. M. P.
Imagina, se vou palavrear desamor.
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